Título: Com os cofres cheios
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 22/07/2008, Economia, p. 19
Arrecadação de impostos soma R$333,208 bilhões e bate recorde no 1º semestre.
A Receita Federal informou ontem que, no mês passado, foi registrado mais um recorde de arrecadação de tributos federais: R$55,747 bilhões. O resultado, o melhor para um mês de junho, foi 7,11% superior ao do mesmo período do ano passado, na carona do bom ritmo da economia e de receitas extraordinárias, como as obtidas com multas. O desempenho também foi inédito no semestre, quando entraram nos cofres da União R$333,208 bilhões, um aumento real de 10,43% sobre o resultado dos primeiros seis meses de 2007.
No acumulado de 2008, ajudou no recorde de arrecadação o aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) cobrada de bancos e a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medidas implantadas no início do ano para compensar o fim da CPMF. Também contribuiu para a maior arrecadação a expansão da economia, que teve reflexos expressivos sobre as compras externas - o que elevou em 25,26%, na média, a receita com Imposto de Importação e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) vinculado.
Os recordes de arrecadação têm se repetido sistematicamente desde o início de 2008, mesmo com o fim da cobrança da CPMF, aprovado no fim de 2007. Apesar da constatação, o secretário da Receita, Jorge Rachid, argumenta que o fim do tributo reduziu a destinação de recursos para a Saúde. Questionado se o trabalho está mais difícil sem a contribuição, ele foi evasivo:
- Isso só o tempo dirá.
Rachid informou que o recebimento de juros e multas foi o principal fator para o recorde de arrecadação em junho. Essa rubrica representou R$3,367 bilhões em receitas, 135,01% mais do que em junho de 2007.
- Se retirarmos as multas e juros, a arrecadação de junho só teria sido 2,8% acima do resultado de junho de 2007 - disse.
Com avanço do crédito, aumenta receita com IOF
O secretário disse que foi registrado em junho o primeiro recolhimento da CSLL para os bancos com a alíquota majorada. Para compensar o fim da CPMF, o governo a elevou de 9% para 15%. Isso significou arrecadação extra de R$300 milhões em junho. Ele disse que o resultado está em linha com a previsão do governo, que estima arrecadação de R$2 bilhões com a nova CSLL.
Para o resultado do semestre, o avanço de 18,3% no IPI de automóveis influenciou. Financiamentos em alta e aumento da produção industrial também contribuíram. As receitas com IOF entre janeiro e junho, por exemplo, somam R$5,914 bilhões - próximo da projeção que o governo fazia para todo o ano, de R$8 bilhões.
- Vivemos uma crescente expansão do crédito, que não estava prevista - disse Rachid.
As vendas acompanharam a produção, elevando o lucro das empresas. O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica subiu 29,55% no semestre.