Título: Dívida estável apesar de Selic em alta
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Fonte: O Globo, 25/07/2008, Economia, p. 24

BRASÍLIA. Mesmo com as recentes altas na taxa básica de juros, decididas pelo Banco Central (BC) desde abril passado, a participação dos títulos indexados à Selic na dívida pública federal tem se mantido praticamente estável. Segundo o Tesouro Nacional, em junho o estoque desses papéis (LFTs) chegou a R$429,76 bilhões, com pequena queda de 2,12% frente aos R$439,06 bilhões de maio, respondendo por 31,99% do total dos débitos. Em maio, a fatia era de 32,83%. A meta para o ano é de, no máximo, 30%.

Com os juros maiores, a remuneração dos títulos atrelados à Selic também cresce. Mas o Tesouro Nacional tem conseguido, pelo menos por enquanto, evitar a emissão desses papéis para se financiar. Os títulos atrelados à Selic são os piores para a administração da dívida pública, porque a remuneração do investidor varia de acordo com os movimentos da autoridade monetária.

Pagamento de juros elevou dívida interna em junho

Nos últimos quatro meses, o BC fez três elevações nos juros, sendo a última e mais intensa na quarta-feira passada. Ao pegar de surpresa boa parte do mercado, a autoridade monetária decidiu elevar a Selic em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano, depois de fazer duas puxadas consecutivas de 0,5 ponto cada. E a expectativa geral é que o BC continue nesse ritmo de altas a curto prazo.

Segundo o coordenador de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, também estão estáveis a demanda e a participação por papéis corrigidos por índices de preços, cujo estoque fechou o semestre a R$347,97 bilhões, 25,90% do total da dívida.

No geral, o estoque da dívida pública federal chegou a R$1,343 trilhão em junho, aumento de 0,47% em relação a maio. O endividamento interno apresentou variação de 0,62% no período, chegando a R$1,247 trilhão, devido, sobretudo, ao pagamento de juros no período, que somou R$13,9 bilhões. O desembolso foi compensado, em parte, pelo resgate líquido feito pelo Tesouro, de R$6,2 bilhões. Já o estoque da dívida externa recuou 1,50%, para R$96,1 bilhões (US$60,4 bilhões) no mês passado, por causa da valorização do real frente ao dólar no período.

Custo médio avança para 12% ao ano

Em junho, o prazo médio dos títulos negociados pelo Tesouro voltou a subir, passando de 41,17 meses em maio para 41,28 meses. Já o custo médio da dívida, que sofreu o impacto dos juros maiores, subiu no período, de 11,91% para 12,02% ao ano.