Título: MPs darão reajuste a mais 350 mil servidores públicos
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Fonte: O Globo, 29/07/2008, O País, p. 9
BRASÍLIA. O governo vai editar nos próximos dias duas novas medidas provisórias que darão aumento salarial a 350 mil funcionários públicos, de 54 categorias. O reajuste deverá incidir na folha salarial de agosto, a ser paga no início de setembro. Esse grupo ficou fora dos aumentos do funcionalismo civil e militar incluídos na MP 431, já aprovada na Câmara dos Deputados
O Ministério do Planejamento não enviou os textos semana passada, como chegou a anunciar, mas os sindicalistas aguardam a edição das MPs ainda esta semana. Com elas, o governo encerra o ciclo de ajustes no salário de 1,7 milhão de funcionários, que começou em março e prevê aumentos paulatinos até 2011. Este mês, a Câmara aprovou o texto da MP 431, que alcança 800.512 servidores civis, sendo 350.189 ativos, 271.114 aposentados e 179.209 pensionistas. A MP, cujos destaques serão votados em agosto, ainda beneficia 611.935 militares. O texto ainda passa pelo Senado.
Quando esse processo de reajustes se encerrar, em 2011, a conta para o futuro presidente da República será de cerca de R$32 bilhões. Para conceder esses aumentos, o governo modificou a lei orçamentária aprovada pelo Congresso e elevou de R$3,5 bilhões para R$11,1 bilhões a dotação voltada para reajustes salariais. O impacto anual desses aumentos, que seria de R$7,4 bilhões, passou a R$19,7 bilhões, sem contar as parcelas de ajustes previstas.
Segundo o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), José Milton Costa, falta apenas fechar detalhes dos ajustes dos funcionários da Funai e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Para ele, o governo não teve vontade política para acelerar as negociações, que ocorrem desde o início do ano:
- O governo protelou bastante. Detalhes foram acumulando e demoraram a ser resolvidos.
A preocupação dos sindicalistas é com a possibilidade de os textos não serem editados até o início de agosto. Como a folha de pagamento dos funcionários públicos é fechada no dia 20 de cada mês, eles temem que não haja tempo suficiente para incluí-las mesmo em agosto.
Uma das medidas provisórias é voltada para as carreiras típicas de Estado, como auditores da Receita Federal, Banco Central, Advocacia Geral da União e fiscais do Ministério do Trabalho, além dos gestores públicos. A outra abrangerá as demais carreiras, como 70 mil servidores e peritos médicos do INSS. Para o ministro da Previdência, José Pimentel, os ajustes são fundamentais para melhorar o atendimento nos postos. Também serão beneficiados servidores das agências reguladores, da Fiocruz, do Inmetro, Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Segundo o Ministério do Planejamento, os ajustes fazem parte da política de fortalecimento do funcionalismo, reduzindo distorções em relação aos salários da iniciativa privada e entre categorias de servidores. Com esses aumentos, o governo alega que poderá atrair e reter profissionais de alto nível.