Título: Farmacêuticas garantem vacina
Autor: Vaz, Viviane
Fonte: Correio Braziliense, 20/05/2009, Mundo, p. 23

GRIPE SUÍNA

Reunidas na Suíça, empresas prometem dedicar 10% da produção para a OMS como forma de evitar que nações pobres fiquem sem doses. Balanço de pessoas contaminadas no planeta se aproxima de 10 mil

Quase mil novos casos de gripe suína foram confirmados ontem, elevando o número de pessoas contaminadas, que agora se aproxima de 10 mil, com ao menos 80 mortes em 40 países ¿ sobretudo México e Estados Unidos. A disseminação do vírus H1N1 pressionou a cúpula da Organização Mundial da Saúde (OMS) a aprofundar o debate sobre a criação de uma vacina para a doença que, apesar de oficialmente não ter atingido o nível de pandemia, na prática já afeta várias regiões do mundo. A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, acompanhada do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reuniu ontem em Genebra cerca de 30 fabricantes de vacinas de 19 países desenvolvidos e em desenvolvimento. Um dos principais temas em pauta foi o custo da vacina e sua distribuição em nações mais pobres.

¿Comprometemo-nos a entregar às agências da ONU, ao mínimo custo possível, 10% de toda a nossa produção de vacinas contra a gripe, se for necessário produzi-la¿, disse Suresh Jadhav, porta-voz da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, em inglês). Participam desse acordo empresas farmacêuticas de Brasil, China, Índia, México, Tailândia e Vietnã.

A vacina ainda não começou a ser produzida, mas países como Estados Unidos e Reino Unido encomendaram estoques do medicamento aos grandes laboratórios. A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) criticou a ação, alegando que as encomendas em larga escala dos países ricos podem fazer com que não haja doses suficientes para todos quando a vacina estiver pronta.

A OMS prevê uma produção de 94,3 milhões de vacinas por semana. O laboratório suíço Novartis informou ter recebido informações sobre a composição do novo vírus A (H1N1) e espera a autorização da OMS para iniciar a produção do tratamento. ¿Recebemos o vírus e nossos pesquisadores estão modificando-o para começar a produzir uma vacina¿, afirmou uma porta-voz da empresa, acrescentando que são necessárias de três a quatro semanas para iniciar a fabricação efetiva.

¿A realidade é que, a partir do momento em que o vírus potencialmente pandêmico é identificado, são necessários de quatro a seis meses para que as primeiras doses de vacina saiam das fábricas e sejam colocadas à disposição para imunizar as pessoas¿, revelou a diretora para Pesquisa de Vacinas da OMS, Marie-Paule Kieny, no início deste mês.