Título: Justiça adia audiência de Cacciola
Autor: Frisch, Felipe e Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 25/07/2008, Economia, p. 28

Decisão visa a esclarecer que processos são incluídos no pedido de extradição.

RIO e BRASÍLIA. A juíza da 5ª Vara Federal Criminal do Rio, Simone Schreiber, decidiu adiar, sem nova data, a audiência que teria hoje em um processo contra Salvatore Cacciola, ex-dono do falido Banco Marka. A decisão foi tomada atendendo a pedido tanto da defesa de Cacciola quanto do Ministério Público Federal. O caso diz respeito a supostos empréstimos vedados a empresas que participavam do capital social do banco, em 1996, e gestão fraudulenta, em 1999.

De um lado, o advogado do ex-banqueiro, Carlos Eluf, pediu a suspensão do processo por alegar que este não estava incluído no pedido de extradição do governo brasileiro. De outro, José Gomes Schettino, procurador da República no Rio, pediu o adiamento, até que o Ministério da Justiça esclareça que incluiu este processo no pedido de extradição do ex-banqueiro. Dessa forma, a juíza pede, na decisão, que os Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores se manifestem a respeito do caso.

Do contrário, Salvatore Cacciola só poderá ser julgado pelo caso que resultou na sua chegada ao Brasil semana passada, referente à ajuda do Banco Central ao Marka, em 1999. A juíza esclarece, em sua decisão, que enviou ao Ministério da Justiça informações a respeito do processo em setembro de 2007, quando Cacciola foi preso em Mônaco e foi iniciado seu processo de extradição. Simone está preocupada com o risco de prescrição da ação, já que um de seus fatos geradores é de 1996.

O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, pedirá às autoridades de Mônaco autorização para que Cacciola seja julgado não apenas pelas fraudes relacionadas ao Marka. A idéia é ampliar a lista de crimes imputados ao ex-banqueiro no pedido de extradição aprovado pela Justiça de Mônaco e ratificado pelo príncipe Albert II.

¿ O que aconteceu em Mônaco não anula outros processos a que ele (Cacciola) responde aqui no Brasil. Para que ele seja processado em outros casos, é preciso o pedido de extensão da extradição ¿ disse Tuma Júnior, informando que já repassou as informações às Varas da Justiça Federal nas quais Cacciola tem pendências.