Título: Para Crivella, Zona Sul também é hostil
Autor: Otavio, Chico; Coelho, Camilo
Fonte: O Globo, 28/07/2008, O País, p. 3

Embora um traficante armado tenha ameaçado jornalistas que o acompanhavam na Vila Cruzeiro, anteontem, o candidato Marcelo Crivella (PRB) colocou no mesmo patamar a hostilidade enfrentada na favela com a rejeição ao seu nome na Zona Sul. Durante corpo-a-corpo ontem na feira livre da Vila Kennedy, na Zona Oeste, Crivella reclamou do eleitorado da Zona Sul pelo menos três vezes.

- Na Zona Sul as pessoas também são intolerantes com os candidatos. Não é só na favela que a gente sofre isso. Há discriminação e preconceito na Zona Sul - queixou-se, ao ser questionado sobre o episódio na Vila Cruzeiro.

Em outro momento, Crivella voltou a fazer um paralelo entre as dificuldades de fazer campanha nas favelas e nas áreas nobres da Zona Sul, onde raramente cumpre agenda aberta:

- Eu não aceito ser impedido de subir na zona pobre, como também não gosto quando ando na Avenida Atlântica e ouço uma pessoa dizer "assim você está me tirando o direito de ir e vir". Se ela tem esse direito, eu também não tenho como candidato? - disse o senador, que na terça-feira participa de um jantar no badalado edifício Chopin, na Avenida Atlântica.

Ele afirmou ainda que não obriga ninguém a caminhar ao seu lado na Zona Norte e na Zona Sul, "onde recebem tanta intolerância, às vezes desalentadores exemplos de falta de civilidade".

Já na Zona Oeste, ontem, Crivella foi pivô de um mal-estar: depois de usar o microfone da Rádio Feira para divulgar os nomes dos candidatos a vereador que o cercavam, Crivella foi advertido pelo líder comunitário Jorge Azevedo. Segundo Azevedo, 3.500 moradores decidiram, num plebiscito, que a comunidade apóia quatro candidatos a vereador da coligação de Solange Amaral (DEM-PTC-PMN), também escolhida na votação:

- Senador, com todo respeito aos candidatos presentes, a Vila Kennedy está dando um grito de mudança. Por isso, nós lançamos um plebiscito - disse Azevedo, pedindo em seguida para que Crivella usasse o espaço com propostas.