Título: Até a oposição põe pé no freio
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 17/05/2009, Política, p. 6

Líderes da oposição prometem atuar com cautela, para não prejudicar, na CPI, a Petrobras, gigante estatal com ações em bolsa e negócios no exterior.

Autor do requerimento, Álvaro Dias (PSDB-PR) garante que não vai sair atirando para todos os lados Depois de vencer a briga pela instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, a oposição adotou um tom mais cauteloso para tratar o assunto. Diante da queda de 1,4% das ações da estatal e da choradeira de correligionários e empresários, o líder do PSDB, Artur Virgílio (AM), prometeu responsabilidade durante as investigações. O autor do requerimento de criação da comissão, Álvaro Dias (PR), também promete ter cuidado com os rumos dos trabalhos. Para ele, o correto é restringir os trabalhos do grupo apenas às suspeitas de má gestão especificadas no seu pedido de abertura da CPI. ¿Não vamos sair atirando para todos os lados de forma irresponsável. Vamos nos focar em um objeto específico e nos ater somente a ele. Sabemos que a imagem da empresa não pode ser atingida¿, disse.

A ideia de uma conduta cautelosa da oposição amenizou os estragos entre os governistas. Depois da estratégia mal sucedida do governo de fazer com que senadores retirassem as assinaturas do requerimento de criação da CPI, o vice-líder do PTB, Gim Argello (DF), adotou discurso otimista sobre o destino da comissão. ¿Conversei com algumas pessoas da oposição e vi que há uma preocupação comum em prejudicar a imagem da Petrobras. Eles sabem bem que isso poderia ser um tiro no pé. Afinal, há milhares de acionistas e empresários ligados ao mundo político com interesses no crescimento da empresa. Não acho que eles farão besteira¿, comenta.

A avaliação de Gim Argello, que na última sexta-feira trabalhou com o ao ministro das relações institucionais, José Múcio Monteiro, para reverter a criação da CPI, reflete um consenso entre os governistas. Depois de perder a batalha para evitar a comissão, o governo avaliou que os estragos de resistir até o fim criando manobras para que a comissão não avance, poderia ser ainda mais danoso para a estatal. Por isso, decidiram parecer interessados na CPI e orientar os líderes da base a indicarem rapidamente os nomes para integrar a comissão. Prometem, entretanto, uma verdadeira campanha de sensibilização. Devem lembrar na reunião da próxima semana os números da empresa, a quantidade de acionistas, a visibilidade internacional e até a ligação de empresários ¿ leia-se financiadores de campanhas eleitorais ¿ com a estatal e suas ações. Tudo para que a oposição não vá com muita sede para cima da Petrobras.

Poderoso PMDB Durante o dia de ontem, peemedebistas mantiveram conversas sobre a instalação da CPI. Concordaram que o partido ficará fortalecido e aumentará ainda mais seu peso político para o Planalto. Na avaliação de um deles, a comissão servirá para ressaltar ainda mais a importância do partido para a caminhada governista no Senado, feita sob um fio tênue entre ser minoria ou possuir uma maioria vulnerável. Além disso, o corpo mole dos peemedebistas para barrar a criação da CPI também foi entendido como um recado ao governo sobre a insatisfação do partido com as discussões acerca da possibilidade de a legenda perder mais cargos na Infraero.