Título: Em Salvador, disputa vira prévia para 2010
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 03/08/2008, O País, p. 12

Na primeira eleição sem ACM, adversários brigam para ver quem tira mais proveito da popularidade de Lula

Maria Lima

SALVADOR. Na primeira eleição sem o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, falecido ano passado, a disputa pela prefeitura de Salvador transformou-se numa corrida entre o governador petista Jaques Wagner, o ministro da Integração Regional, Geddel Vieira Lima (PMDB), e o deputado-candidato Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) para ver quem sai mais bem posicionado para a eleição de 2010. Partidos aliados e adversários se confundem na disputa. Carlistas, ex-carlistas e petistas brigam para ver quem tira mais proveito da imagem e da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas o clima na capital baiana não é de confronto como nos tempos de ACM.

Tanto Jaques Wagner quanto ACM Neto consideram que nesta campanha não haverá radicalização entre carlistas e petistas. Se houver briga, dizem, será provocada por Geddel, que não tem medido esforços para reeleger o prefeito João Henrique, do PMDB. Mas nada que possa atrapalhar as pretensões de cada um para 2010.

- Aqui na Bahia não tem mais aquela coisa do risco no chão, em que as pessoas não dialogam. Está tudo muito misturado - diz Wagner, que até agora resiste em subir no palanque do candidato do PT, deputado Walter Pinheiro, em quarto lugar nas pesquisas.

Na campanha para a prefeitura, João Henrique está em terceiro lugar nas pesquisas - ACM Neto em primeiro e o tucano Antonio Imbassahy, em segundo - mas os adversários temem o poder de Geddel e do seu Ministério da Integração Nacional. O próprio Geddel não nega que atua como "embaixador" do seu estado, defendendo recursos, projetos e convênios.

Só este ano, o ministério já assinou 893 convênios com municípios da Bahia, sendo mais de 10% deles, ou 92 convênios no total de R$378.366.892,34 (52,69% do total do estado), com a prefeitura de Salvador. Também foram aprovados, no Ministério das Cidades, R$488.818.080 para ampliação do metrô.

"ACM não terá mais sucessor", diz governador

Pelas ruas da cidade, o que se diz é que um dos três - Geddel, Jaques Wagner e ACM Neto - quer ser o novo "reizinho da Bahia". Mas eles próprios dizem que ninguém mais ocupará o espaço que ACM teve na Bahia.

- ACM não terá mais sucessor. A Bahia não precisa mais de um tutor. Nem ACM Neto tem densidade para isso. Os carlistas sonham com ele nesse sentido. Mas fica na brecha da saudade - diz Jaques Wagner.

- Tentam me tachar como o sucessor do senador. Mas não tem isso. Mesmo porque não tenho poder nenhum, nem no governo federal nem no estadual - reage ACM Neto.