Título: Nordeste tem 84,2% dos 500 piores
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 03/08/2008, Economia, p. 35

RETRATOS DO BRASIL: Expansão da economia tem elevado potencial aquisitivo de consumidores e atraído empresas

Mas percentual de extrema pobreza na região recuou para 56,3% entre 2002 e 2005

Letícia Lins

RECIFE. Dos 500 piores municípios analisados pela Firjan, 84,2%, ou 421, ficam no Nordeste. Ainda assim, foram registrados na região os maiores saltos do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). Em 2002, 57,13% da população do Nordeste viviam em situação de extrema pobreza, com renda per capita de meio salário mínimo, calcula o economista pernambucano Heródoto Moreira. Em 2005, esse percentual recuou para 56,3%.

Segundo Moreira, que já dirigiu o Departamento de Contas Regionais da Sudene, ao se observar o comportamento de todas as regiões, percebe-se que, no país, a pobreza cresceu no período analisado:

- No Brasil, em 2002, o percentual de pobres era de 32,98%. Mas em 2005, aumentou para 33,43%. Ou seja, enquanto no Nordeste tivemos uma queda de 1,5% nos índices de pobreza, no Brasil esse percentual aumentou em 1,32%.

Moreira lembra que a região ainda conta com injeção de recursos de programas sociais do governo, que acabam dinamizando o comércio dos municípios mais pobres. É um mercado de 52 milhões de consumidores - 28% da população brasileira - que tem apresentado aumento do poder aquisitivo, graças à expansão da economia:

- É por esse motivo que muitas empresas, mesmo sem os antigos incentivos da extinta Sudene, estão se instalando na região. Temos uma população de baixa renda antes marginalizada do consumo que está começando, e muito, a consumir - afirma o economista, ressaltando que, entre 2002 e 2005, o PIB do Nordeste cresceu 4,2% ao ano, enquanto no Brasil esse percentual foi de 3,2%.

Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), os números referentes às melhorias no Nordeste têm explicação:

- Qualquer avanço significa muito. Mas acho que avançamos efetivamente do fim da década de 90 para cá na educação, na cobertura de programas de saúde de família, e precisamos consolidar esse avanço - afirma o governador, lembrando que, para isso, é necessária a descentralização de investimentos e da economia. - São Paulo tem 33% do PIB do Brasil. Mas o Grande Recife tem quase 75% do PIB do estado. Ou seja, a concentração aqui em Pernambuco é muito maior.