Título: Escola do Rio amplia número de vagas
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 04/08/2008, Economia, p. 17

Antes mesmo de formados, alunos já são absorvidos pelo mercado de trabalho

Erica Ribeiro

O Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga) recebeu a autorização da diretoria de Portos e Costas para aumentar o número de vagas para o processo seletivo de 2009 da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (Efomm). As provas serão feitas este mês e, com o acréscimo, serão 210 vagas para uma procura média de 5.000 candidatos. No Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (Ciaba), que fica em Belém, outras 120 vagas estão abertas para o processo seletivo. O Ciaba atende às regiões Norte e Nordeste, enquanto o Ciaga engloba Sul, Centro-Oeste e Sudeste do país. Os profissionais formados nas escolas são basicamente absorvidos para as áreas de offshore e cabotagem ¿ sendo que o offshore absorve cerca de 80% da mão-de-obra, antes que os alunos se formem.

Segundo José Carlos Mathias, contra-almirante do Ciaga, a procura de mulheres pelo curso cresce. No processo seletivo deste ano, 50% dos candidatos são mulheres. A Efomm tem 483 alunos e 183 se formarão no fim do ano e passarão um ano como praticantes em empresas.

¿ No concurso que vai ocorrer em 16 e 17 de agosto para a Efomm 2009, foram acrescidas 60 vagas no Ciaga e 40 no Ciaba. Todos os alunos recebem uma subvenção de cerca de R$600 no curso. Na minha percepção, o mercado como um todo está empregando. Não há falta de emprego para os meus formandos.

Distância da família é uma das dificuldades da profissão, conta estudante

Renata Engler se forma no fim do ano como oficial náutica. A chegada à Efomm aconteceu às vésperas do vestibular. Ela optou pela parte náutica ¿ ¿a parte de pilotar o navio¿.

¿ Recentemente, fiz duas provas para empresas diferentes (ambas estrangeiras) e escolhi uma delas, que me dá a possibilidade no estágio de fazer navegação de longo curso. Gosto muito da carreira militar mas, no momento, não penso muito em seguir carreira.

Renata diz que apesar da adaptação à escola ¿ onde os alunos permanecem de segunda a sexta-feira ¿ e à rotina, diz que o lado ruim é a distância da família.

¿ Tenho irmão pequeno, de 8 anos. Quando entrei, ele tinha seis anos e confesso que não gosto de não poder acompanhar ele crescendo, durante a semana. Mas não me arrependo. Aqui é nossa segunda casa e eu me sinto bem.

No Ciaga, há também cursos para profissionais que já têm curso superior em áreas como engenharia, metereologia, geologia, entre outros. Estes cursos, de um ano, formam profissionais em oficiais de náutica e máquinas. Na sexta-feira, os 27 alunos que já têm curso superior e se tornaram oficiais foram chamados pela Transpetro para estágio de um ano.

Mesmo com salário inicial de R$8.900 na área de offshore, procura é baixa

Roberto Moreira Leal, oficial superior de máquinas e chefe do departamento de Seleção Acadêmica do Ciaga, afirma que a demanda por profissionais tem aumentado por conta da atividade offshore que necessita de pessoal qualificado. Mesmo com vagas garantidas e salário inicial alto, em torno de R$8.900, Leal lamenta a baixa procura pelo curso.

¿ Apesar da atividade offshore ter um grande crescimento e o oficial formado ter praticamente o emprego garantido, sempre espero que apareçam 20 mil, 30 mil candidatos e o número oscila em cinco mil. Não sei se a formação militar não atrai o candidato ou o fato de ele saber que mesmo tendo a formação militar, sai como civil e, teoricamente, não tem a garantia do emprego. Porém, com a demanda das empresas por profissionais com alta qualificação, hoje praticamente todos se formam já com emprego garantido.

O capitão de longo curso André Antonio da Silva, chefe da área de Ensino de Náutica da escola, faz questão de frisar que a manutenção da estrutura da escola foi fundamental para atender ao mercado com a formação de profissionais de qualidade:

¿ Quando o mercado no passado não estava propício, nós mantivemos a marinha mercante. Por isso, a disciplina criada aqui é muito elogiada por outras empresas.