Título: Brasil e Argentina buscam acordos comerciais
Autor: Figueiredo, Janaína; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 04/08/2008, Economia, p. 23

Em seminário, presidentes estarão com empresários brasileiros interessados em investir no país vizinho

Janaína Figueiredo* e Eliane Oliveira **

BUENOS AIRES. Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner abrirão hoje um seminário em Buenos Aires que contará com 300 empresários brasileiros interessados em investir na Argentina. Após terem acompanhado com preocupação os quatro meses de conflito entre a Casa Rosada e produtores rurais (devido à aprovação de um decreto que modificava e elevava, os tributos aos exportadores de soja e girassol), e a paralisação da economia argentina, os empresários aceitaram o convite de Lula e Cristina a fim de saber se a Argentina continua a ser boa opção de investimento. Para a presidente, que tenta superar a pior crise política já enfrentada por ela e o marido, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), a visita de Lula é fundamental já que, para economistas, o país precisa de investimentos para consolidar seu crescimento.

Para o governo Lula, o desenvolvimento da economia argentina é importante: o país é o principal sócio do Brasil no Mercosul. O presidente voltará a destacar o potencial da economia argentina e a necessidade do apoio dos empresários para aprofundar essa integração.

Em 2008, intercâmbio comercial atingirá US$30 bi

No primeiro semestre do ano, o Brasil aceitou fechar acordo para o setor automotivo, que beneficiará os empresários argentinos, entre outros motivos, porque o livre comércio de automóveis, previsto para 2006, foi adiado para 2013. O acordo reflete a atitude do Brasil em relação à Argentina: o governo Lula não se cansa de estender a mão ao vizinho, na tentativa de ajudar o país a se desenvolver.

- A delegação do Brasil revela a importância que tem a Argentina, será algo inédito - declarou a presidente argentina, que destacou a visita do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que desembarcará hoje em Buenos Aires.

Nos últimos anos, empresas brasileiras - como Odebrecht, Petrobras, Camargo Corrêa, Itaú e Coteminas - injetaram cerca de US$8 bilhões na Argentina. Cristina pretende reduzir o desequilíbrio comercial na balança entre os países, que em 2007 registrou déficit em torno de US$4 bilhões, favorável ao Brasil. Para Ivan Ramalho, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que hoje estará na capital argentina, em 2008 esse intercâmbio comercial atingirá cerca de US$30 bilhões.

Lula e Cristina terão ainda uma reunião na Casa Rosada sobre assuntos como Rodada Doha, venda de aviões da Embraer à Argentina, eliminação do dólar no comércio bilateral e criação de empresa binacional de enriquecimento de urânio.