Título: Fiasco agrava crise de alimentos e desigualdade
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 31/07/2008, Economia, p. 27
O fracasso da Rodada de Doha da OMC deve agravar ainda mais a crise global dos alimentos. A falta de acordo, segundo especialistas, pode elevar ainda mais os preços de produtos agrícolas e, em alguns casos, causar desabastecimento e aumento da desigualdade no mundo.
- A permanecer o atual nível de protecionismo de países desenvolvidos, Índia, China, Japão e outros, temos que torcer para não haver, por exemplo, uma seca como a de 2007, que nos custou 57 milhões de toneladas de alimentos. Protecionismo sempre agrava a crise - disse Mauro Lopes, professor da FGV, lembrando que, na crise do trigo, alguns países limitaram ou taxaram exportações, desabastecendo outros países.
Para Ricardo da Cotta, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o fracasso das negociações abre espaço para a política de subsídios, que faz com que a atual crise se perdure por mais tempo, com inflação e preços em escalada no mercado mundial.
- O ajuste de preços, demanda e oferta poderia vir naturalmente com o comércio livre. A saída agora é produzir.
Na avaliação de Renato Maluf, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), a crise de alimentos vai além de acordos comerciais.
- A hora é de repensar em estímulos à agricultura familiar, valorizar a produção doméstica e buscar alternativas de produção menos dependente do petróleo.