Título: Qualquer avanço é melhor que nada
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 29/07/2008, Economia, p. 22
MARCUS VINÍCIUS PRATINI DE MORAES
Para Marcus Vinícius Pratini de Moraes, ex-ministro da Agricultura, o fracasso da Rodada de Doha pode representar o fim da OMC. E, para o Brasil, sua extinção não seria favorável: o país já saiu vitorioso na OMC - como no caso do algodão - e pode conquistar novos ganhos com o álcool.
Fabiana Ribeiro
Doha pode fracassar?
PRATINI DE MORAES: Há o risco de, após sete anos de discussões, a OMC perder uma perspectiva de continuidade. Então, qualquer avanço é melhor que nada - ainda que na área agrícola não esperemos resultados excepcionais e que tenha havido até retrocessos, como no caso dos subsídios. O Brasil precisa apoiar as iniciativas para a OMC seguir funcionando.
A OMC é importante para o Brasil?
PRATINI DE MORAES: Cerca de 80% das exportações de Canadá e México são para os EUA. Então, a negociação mais importante para eles é com o Nafta (bloco que reúne os três países). Para o Brasil, organismos internacionais são fundamentais, pois temos interesses em manter o multilateralismo e um foro que estabeleça regras: somos um exportador global. O Brasil já saiu vitorioso na OMC, como com o algodão, e pode ganhar com o álcool.
O livre comércio é uma utopia?
PRATINI DE MORAES: O mundo prega o livre comércio e age com protecionismo. É um paradoxo. Sempre haverá algum protecionismo. O que não é aceitável é o protecionismo em países ricos. Especialmente com mais gente comendo, política exótica do etanol americano e fundos de investimento no mercado de commodities.