Título: Embaixador dos EUA aplaude Lula
Autor: Oliveira, Eliane; Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 05/08/2008, Economia, p. 22

Mas secretário americano não vê solução rápida para taxa de etanol

BUENOS AIRES e RIO. O embaixador dos EUA em Buenos Aires, Earl Wayne, participou ontem do seminário "Argentina-Brasil: uma Aliança Produtiva Chave" e aplaudiu o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não perdeu a oportunidade de criticar os países desenvolvidos nas negociações multilaterais. Lula questionou os subsídios e outra medidas protecionistas desses países e defendeu a necessidade de se unir à Argentina, "porque juntos podemos ser mais soberanos", e encarar o desafio de conquistar novos mercados.

Perguntado sobre as declarações do presidente, Wayne afirmou que "é bonito o que Lula diz, mas na prática é difícil":

- Em todas as negociações para desenvolver o comércio, existem interesses em jogo, e não é fácil, pois nas democracias existem interesses que querem proteger suas posições.

Sobre a possibilidade de uma negociação entre Mercosul e EUA, para selar um acordo de livre comércio, Wayne desconversou:

- Vamos ver, neste momento acabamos de fazer um esforço (na reunião em Genebra, da Rodada de Doha), vamos ver.

No Rio, o secretário-adjunto de Energia dos EUA, Jeffrey Kupfer, tampouco deu sinais de que as negociações entre Brasil e EUA em torno das tarifas sobre o etanol brasileiro terão resultado. Os produtores nacionais de álcool acusam os EUA - que produzem etanol a partir do milho, menos competitivo que o feito da cana-de-açúcar - de protecionismo e pressionam o governo brasileiro a recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para resolver a questão.

- Nas propostas do presidente Bush (enviadas ao Congresso) ano passado, não foi incluída a extensão das tarifas (sobre o etanol). Mas é o Congresso que aprova as leis, e no início de 2008 ele estendeu a tarifa por mais dois anos. Vamos continuar a trabalhar com o Congresso - disse ao GLOBO Kupfer, que se encontrou ontem com o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e visitou o centro de pesquisa da estatal, o Cenpes.

O secretário pretende ampliar o intercâmbio de tecnologias com a Petrobras em etanol de segunda geração - a partir do bagaço de cana, por exemplo - para cumprir a meta de elevar a produção de biocombustíveis nos EUA para 136 bilhões de litros em 2022. A projeção para 2008 é de 34 bilhões de litros. Kupfer se reúne hoje com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e amanhã estará com empresários de biocombustíveis em São Paulo. (Janaína Figueiredo, Eliane Oliveira e Danielle Nogueira)