Título: Militares vão defender anistia
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 02/08/2008, O País, p. 14

Evandro Éboli

BRASÍLIA. Em reação à realização da audiência pública no Ministério da Justiça que defendeu a punição para torturadores da ditadura, os clubes Militar, Naval e da Aeronáutica decidiram dar o troco e realizar, no Rio, um evento semelhante. Só que o enfoque será a extinção de responsabilidade civil e criminal dos militares que atuaram naquele período. O seminário, que acontecerá quinta-feira, foi intitulado "Lei de Anistia, alcance e conseqüências".

Os presidentes dos três clubes enviaram convites aos associados para comparecer ao evento, que irá ocorrer no Salão Nobre do Clube Militar. No convite, há uma foto de um comício em favor das Diretas Já, na Praça da Sé, em São Paulo, em 1984. Os palestrantes serão o advogado Waldemar Zveiter, ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça; o jurista Antônio José Ribas Paiva; e o general da reserva Sérgio de Avellar Coutinho, atualmente diretor cultural do Clube Militar.

Entre os militares, o seminário ocorrido anteontem em Brasília soou como uma afronta. Para o coronel da reserva João Batista Fagundes, representante das Forças Armadas na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, a Lei de Anistia pressupõe o esquecimento:

- A anistia, por ser ampla, geral e irrestrita, significa completo esquecimento. É uma lei do Congresso e não um ato unilateral de um governante.

O militar disse que considerou estranha as declarações do ministro Tarso Genro em defesa da responsabilização civil e criminal de agentes do estado durante a ditadura.

- Causou-me estranheza a veemência com que o assunto veio à tona.