Título: No Rio, 571 mil pobres a menos, calcula o Ipea
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 06/08/2008, Economia, p. 25

RETRATOS DO BRASIL: Em Salvador, recuo da pobreza será mais expressivo, devendo fechar na taxa de 37,4%

Redução, no entanto, será a mais lenta na comparação com outras regiões metropolitanas do país, diz instituto

Geralda Doca

BRASÍLIA. No Rio, o percentual de pessoas pobres (com renda familiar per capita de até R$207,50) estava em 28,4% há seis anos e deverá fechar 2008 em 22% - o que significará que 571 mil pessoas deixarão para trás esta condição, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2002, elas formavam um contingente de 3,158 milhões de cariocas. No entanto, o Ipea estima que o Rio será a região de redução mais lenta do indicador este ano (0,4 ponto percentual).

O mesmo movimento, no entanto, não foi verificado entre os lconsiderados ricos (com renda familiar acima de R$16.600 ao mês) na região fluminense. Em dezembro, a participação desse segmento será de 0,7% contra 0,9% seis anos atrás. Estão incluídos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, além da capital, os municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Niterói, São Gonçalo, Guapimirim, Itaboraí, São João de Meriti, Tanguá, Seropédica, Queimados, Paracambi, Nilópolis, Mesquita, Japeri e Magé.

A queda na participação de ricos verificada no Rio foi igualmente registrada nas regiões metropolitanas de Recife e Porto Alegre. Já nas outras áreas urbanas (Belo Horizonte, São Paulo e Salvador) houve aumento da participação dessa camada da população.

Em números absolutos, conforme constatou a pesquisa do Ipea, a maior queda na taxa de pobreza entre 2002 e 2008 ocorreu em São Paulo e no Rio, as duas regiões metropolitanas mais populosas do país. Em São Paulo, sairão da pobreza 1,152 milhão de pessoas no período. Segundo o levantamento, a zona urbana de São Paulo representou em 2007 cerca de 35,7% do total de pobres observados no conjunto das seis áreas estudadas e na do Rio, 22,3%.

Já em termos relativos, a pobreza caiu mais em Belo Horizonte, onde o percentual saiu de 38,3% em 2002 para fechar este ano, segundo a projeção, em 23,1%. Embora os maiores percentuais de pobres sejam registrados em Recife e Salvador, o estudo do Ipea revela que os indicadores sociais das capitais do Nordeste - região mais beneficiada pelo Bolsa Família - estão melhorando. O programa é citado pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, como um dos fatores para a redução da pobreza.

Salvador, por exemplo, deverá registrar este ano o maior recuo proporcional do número de pobres. A taxa, que encerrou 2007 a 39,2% da população, cairá, projeta o Ipea, a 37,4%. Recife também deverá apresentar o segundo melhor desempenho, uma queda de 1,8 ponto percentual em 12 meses, para 43,1%.