Título: Corregedor: suposta chantagem não deve evitar a cassação de Lins
Autor: Ramalho, Sérgio
Fonte: O Globo, 02/08/2008, Rio, p. 21

Presidente do Conselho de Ética diz que informações da PF são "gravíssimas"

Sérgio Ramalho

Presidente do Conselho de Ética da Assembléia Legislativa do Rio, o deputado Paulo Melo classificou de gravíssimo o teor do relatório de inteligência da Polícia Federal sobre uma suposta chantagem de Álvaro Lins contra o presidente da Casa, Jorge Picciani (todos do PMDB) para escapar da cassação. Para o corregedor da Alerj, deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), a informação não deve evitar a cassação do ex-chefe de Polícia Civil.

Os dois deputados são contrários à abertura de uma investigação para apurar a suposta chantagem. Na opinião de Luiz Paulo, o trabalho apenas retardaria o processo de cassação de Lins. O corregedor da Alerj é autor do parecer favorável à perda do mandato de Lins por quebra de decoro parlamentar. Tanto Melo quanto Luiz Paulo negam ter recebido qualquer pressão de Picciani para favorecer Lins.

Segundo Luiz Paulo, na terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) vai se reunir para votar o relatório final sobre a quebra de decoro. Ele acredita que a CCJ vai manter o parecer em favor da cassação, que será depois votada no plenário, o que deve acontecer na primeira quinzena do mês. Melo disse ainda ter votado pela cassação de seis deputados:

- Costumo dizer que sou colega, mas não cúmplice.

No relatório da PF, conforme O GLOBO noticiou ontem, consta a informação de que o deputado Álvaro Lins estaria ameaçando vazar o conteúdo de um processo da 1ª Vara Criminal de Rondonópolis, em Mato Grosso, contra o presidente da Alerj, Jorge Picciani, quando ele era fiscal de renda no estado. Picciani foi exonerado a bem do serviço público em 1986, acusado de concussão e prevaricação.