Título: Montadoras prevêem recorde no ano
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 02/08/2008, Economia, p. 33

Empresas projetam alta de 14,5% na produção e 24% nas vendas internas

Ramona Ordoñez

Nunca se produziram e se venderam tantos automóveis no mercado brasileiro como agora. O setor - que passa ao largo de uma possível retração da atividade econômica e puxou a atividade industrial no primeiro semestre - prevê neste ano crescimento recorde em sua produção de 14,5%, o maior índice dos últimos dez anos. As vendas no mercado interno também deverão registrar alta recorde - de 24% -, um dos maiores já registrados em um país.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, disse que o setor automotivo foi fundamental no crescimento da produção industrial do país. Afinal, o setor representa 22% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial e 5,4% no PIB nacional. No primeiro semestre do ano, a produção de automóveis registrou aumento de 21%, segundo cálculos da Anfavea.

Alta de juros não afetará setor, diz Anfavea

Segundo o presidente da Anfavea, a alta de juros promovida pelo Banco Central para conter o crescimento da inflação não vai afetar a indústria automobilística. Para Schneider, o setor vai continuar crescendo tanto no segundo semestre deste ano como também em 2009. De acordo com o executivo, esse crescimento deverá ser a taxas mais moderadas do que as atuais, mas não por causa da política econômica mais rígida do BC, e sim por uma acomodação natural do mercado.

- No passado, o setor automobilístico teve ciclos de grandes quedas e grandes altas. Agora passa por uma fase de crescimento mais consistente, devido às condições de previsibilidade no longo prazo - afirmou.

Neste ano a indústria deverá produzir um total de 3,4 milhões de veículos. O setor prevê exportar cerca de 780 mil veículos e importar outros 400 mil. Atualmente, cerca de 12% do mercado interno são supridos por importações. As vendas no mercado doméstico deverão atingir 3 milhões de unidades, incluindo as importadas.

Preços subiram a ritmo menor que o da inflação

Ele ressaltou ainda que o setor não contribui para a alta da inflação, uma vez que os preços dos automóveis nos últimos 12 meses subiram a um ritmo bem menor que o índice oficial: metade do avanço do IPCA.

- Devemos continuar crescendo, em um ritmo mais cadenciado, porque tem uma demanda reprimida a ser atendida - disse Schneider.