Título: Dólar fecha em alta pelo quarto dia seguido, cotado a R$1,592. Bolsa cai
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 08/08/2008, Economia, p. 26

Para analistas, envio de divisas para o exterior pressionou cotação da moeda

Bruno Rosa

O dólar fechou ontem em alta pelo quarto dia consecutivo, o que não acontecia desde o início de maio. A divisa encerrou o pregão com variação de 0,89%, cotada a R$1,592. Desde segunda-feira, o avanço é de 1,86%. Para analistas, a cotação foi pressionada pelas remessas de divisas, por investidores estrangeiros, para o exterior com o intuito de cobrir rombos financeiros. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) foi influenciada pelas quedas do mercado americano e fechou em baixa de 0,91%, aos 57.017 pontos.

Para Mário Paiva, da Corretora Liquidez, o mercado sofreu um ajuste após os dados sobre o fluxo cambial apresentados pelo Banco Central, que revelaram demanda crescente por moeda estrangeira.

- Ao enviar dólar para o exterior, a oferta da moeda no Brasil se reduz. Como a demanda continua forte, o preço acaba subindo - explica Paiva.

Na Bovespa, o dia foi de volatilidade. O pregão alternou altas e quedas durante as negociações. Analistas destacaram que, com o aumento do preço do petróleo no mercado internacional, os papéis da Petrobras foram o destaque do dia. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da estatal subiram 3%. Já os papéis ordinários (ON, com direito a voto) se valorizaram 1,98%.

Ações da Gol têm maior queda do Ibovespa

- Pesou ainda o fato de as ações estarem em baixa há algum tempo. Por isso, podem estar recuperando terreno - diz Álvaro Bandeira, economista-chefe da Ágora.

Por outro lado, a alta do preço do petróleo (de 1,21%, para US$120,02) derrubou as ações das empresas de aviação. As PNs da TAM caíram 5,09%. As da Gol tiveram queda de 13,36%, a maior do Ibovespa. Segundo analistas, também pesou o fato de a companhia ter anunciado a suspensão da distribuição de dividendos trimestrais para 2008. Fontes ligadas à Gol disseram que o principal objetivo da medida é voltar a ter lucro, o que deve ocorrer só no segundo semestre de 2009. O balanço dos primeiros seis meses deste ano, a ser divulgado nos próximos dias, também deverá apresentar resultado negativo.

Nos EUA, analistas destacaram as vendas de julho da americana Wal-Mart, que vieram 25% abaixo do esperado. Felipe Casotti, economista da Máxima Asset, ressaltou as estimativas de prejuízos da seguradora American International Group (AIG). Ontem, a empresa afirmou que deverá ter perdas de US$8,5 bilhões ligadas a dívidas hipotecárias de alto risco. A estimativa anterior era bem menor: US$2,4 bilhões.

Na quarta-feira, a AIG havia divulgado prejuízo de US$5,4 bilhões no segundo trimestre. Seus papéis caíram 18,05% ontem, ajudando a puxar para baixo as bolsas americanas. A Nasdaq caiu 0,95%. Dow Jones e S&P também tiveram perdas, com quedas de 1,93% e 1,79%.

- O índice de venda de casas usadas em junho nos EUA veio acima do esperado, com alta de 5,3%, enquanto se esperava queda de 1,3%. Por isso, o tombo nas bolsas não foi maior. O temor agora é que outras seguradoras tenham perdas - diz Casotti.