Título: Chapa pura é descartada
Autor: Cipriani, Juliana; Mello, Alessandra
Fonte: Correio Braziliense, 19/05/2009, Política, p. 7

Em visita a Belo Horizonte, ex-presidente Fernando Henrique diz que definição de candidato do PSDB está em aberto. Após palestra, FHC hospedou-se no Palácio das Mangabeiras O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse ontem em Belo Horizonte que não existe nenhum acordo fechado em torno de uma chapa pura para a disputa pela Presidência da República em 2010. Segundo ele, o partido tem dois pré-candidatos à sucessão em 2010, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e o governador de São Paulo, José Serra, e quem for o escolhido terá o apoio do outro e de todo o partido. Para Fernando Henrique, ainda é cedo para fazer qualquer especulação a respeito da composição da chapa de oposição. ¿Não sei ainda quem é o candidato, depende muito das circunstâncias. Seria muita precipitação. Ainda é cedo. Lamento que o presidente Lula já tenha lançado a campanha¿, disse o ex-presidente ao comentar a possibilidade de uma chapa totalmente tucana na disputa pela presidência. Fernando Henrique esteve em Belo Horizonte para uma palestra na noite de ontem e a convite de Aécio se hospedou no Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador.

O governador Aécio Neves (PSDB) enterrou qualquer possibilidade de o seu partido lançar uma chapa puro sangue, que reuniria ele e Serra na corrida ao Palácio do Planalto. O tucano disse que as especulações de que ele poderia fechar um acordo para ser vice do colega de partido não passam de uma ¿grande piada¿ e que seria ¿presunção¿ dispensar aliados em uma composição para chegar ao Palácio do Planalto. Rumores que circularam em São Paulo davam conta de que teria sido fechado um acordo para Aécio sair como vice de Serra.

Espaço O governador de Minas recebeu ontem a visita da direção nacional do PR e de outros 23 parlamentares do partido que ofereceram a legenda para que ele seja candidato a presidente, caso não haja espaço no ninho tucano. Segundo o presidente nacional do PR, Sérgio Tamer, o partido quer se integrar à agenda nacional que o mineiro está propondo. O líder da bancada na Câmara, deputado Sandro Mabel, foi mais direto e disse que não será por falta de legenda que Aécio deixará de ser candidato a presidente. ¿Entendemos que o Aécio, em algum momento, se achar importante disputar uma eleição e achar que no PSDB não existe espaço para isso, a democracia precisa construir esse espaço. O PR vem exatamente convidá-lo, ou deixar as portas abertas, para, se ele quiser exercer essa democracia, dando a oportunidade de os brasileiros conhecê-lo o e votar nele¿, disse Mabel. Em Minas, o partido apoia o tucano desde sua primeira gestão, quando ofereceu o vice na chapa, Clésio Andrade, que hoje é o presidente regional do partido.

Aécio agradeceu o que chamou de ¿gesto de generosidade¿ do PR e disse que há afinidades ideológicas com o partido, citando como exemplo temas como o pacto federativo, políticas de desenvolvimento regionais e mudanças nas políticas de transferência de renda. ¿É muito mais fácil você construir um projeto com pessoas que pensam as mesmas coisas ou que têm as mesmas prioridades. Obviamente, eu tenho que estar avaliando todas estas colocações, mas é um estímulo muito grande¿, disse. Enquanto o PSDB não se decide, o governador continua as viagens pelo país para divulgar suas ideias ¿ o próximo destino será o Paraná, em junho. ¿Vou continuar trabalhando como tenho feito até aqui e no momento certo vamos tomar uma decisão¿, disse.