Título: Protógenes defende acesso a grampo
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 07/08/2008, Economia, p. 25

Para delegado, país está atrasado no combate ao crime organizado

Leila Suwwan

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Após recusa sistemática a responder qualquer pergunta sobre a Operação Satiagraha, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz defendeu ontem, em depoimento à CPI dos Grampos, na Câmara dos Deputados, que a PF tenha poder permanente para utilizar senhas de acesso a cadastros e extratos telefônicos dos investigados. Hoje, é preciso autorização da Justiça.

- Hoje a autoridade policial não tem esse poder e, por isso, se vale de autorização judicial. Mas, é eficaz esse método de combate ao crime organizado no século XXI? Não. Estamos muito atrasados - afirmou, defendendo que o Ministério Público controle os grampos, mas que a autorização judicial tenha um prazo superior aos atuais 15 dias.

Numa audiência de mais de cinco horas, o delegado confirmou que Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Luiz Inácio Lula da Silva, "faz parte" da investigação, como o ex-deputado do PT Luiz Eduardo Greenhalgh e a jornalista Andrea Michael, da "Folha de S.Paulo". Ele chegou a dizer que alguns profissionais ultrapassam os "limites da ética" e precisam ser caracterizados como criminosos.

O relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), disse que vai requerer a quebra do sigilo das operações Satiagraha e Chacal, esta de 2004.

O banqueiro Daniel Dantas será interrogado hoje na 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo por tentativa de suborno de um delegado da PF. Ontem, seu advogado, Nélio Machado, disse que Dantas tem uma "angústia existencial" e quer "desabafar" o que sabe sobre integrantes do governo Lula. A tendência, porém, é que ele volte a se calar, como fez por três vezes na PF.

- É possível que meu cliente exerça o direito de não falar, mas por outro lado ele tem uma certa angústia existencial de deixar claro que é vítima de uma armação - disse Machado.

COLABOROU Ricardo Galhardo

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