Título: Limpar, lavar e passar são coisas de homem
Autor: Candida, Simone
Fonte: O Globo, 10/08/2008, Rio, p. 25

Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios registra aumento do número de empregados domésticos no Rio

Simone Candida

A profissão de empregada doméstica está pouco a pouco deixando de ser unicamente feminina. Segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), no município do Rio há cada vez mais homens ganhando a vida fazendo faxina, passando roupa, cozinhando ou cuidando de idosos e crianças em casas de família. Até 2004, não havia registro significativo de profissionais do sexo masculino exercendo essas funções em lares cariocas, segundo dados da pesquisa, feita em parceria pelo Instituto Pereira Passos (IPP), o Iuperj e o IBGE. Em 2006, no entanto, os ¿domésticos¿ já totalizavam 13.101 profissionais em toda a cidade.

Carioca faz tudo e ainda dorme no serviço

É gente como o carioca Carlos Eduardo Oliveira, de 34 anos, que há seis anos trabalha em residências da cidade, executando todas as tarefas do lar e dormindo no serviço.

¿ Faço tudo: lavo, passo, cozinho. Passar roupa, então, adoro. Minhas patroas dizem que gostam do meu serviço porque tenho mais força que as mulheres e faço tudo com capricho ¿ diz Eduardo, que há algumas semanas está vivendo de faxinas, mas em seu último emprego, numa casa na Barra da Tijuca, ganhava R$600 de salário.

Outro que abraçou a profissão de doméstico foi o pernambucano Renato Carlos Teixeira, de 40 anos, que trocou um trabalho de carteira assinada como balconista de uma loja pela rotina das faxinas. Atualmente, ele ganha a vida como diarista em 15 residências no Flamengo. Montou um esquema em que recebe mensalmente da clientela.

¿ Gosto do que faço e tenho mais tempo para mim, pois não trabalho fim de semana ¿ explica Renato, que já conseguiu comprar um casinha no Catete com o dinheiro das faxinas.

A tendência de deixar a limpeza dos lares nas mãos de homens já vem sendo percebida pelo Sindicato das Empregadas Domésticas do Rio de Janeiro. A presidente do sindicato, Carli Maria dos Santos, no entanto, não acredita que o crescimento do número de homens empregados domésticos seja uma ameaça às mulheres, que ainda são maioria na categoria (184 mil em todo o município):

¿ Não representam nem 1% dos associados.