Título: Comunidade internacional pressiona Moscou
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 10/08/2008, O Mundo, p. 42

Comunidade internacional pressiona Moscou

Europeus e americanos decidem enviar delegação para Geórgia. Washington diz que reação russa é `desproporcional¿

Vivian Oswald

MOSCOU. A comunidade internacional, pega de surpresa em meio às Olimpíadas pela violenta incursão georgiana na região separatista da Ossétia do Sul e pela invasão russa da Geórgia, tenta mediar um cessar-fogo e iniciar negociações entre Moscou e Tbilisi. Ao mesmo tempo em que ela pede calma aos beligerantes, fontes afirmam que a reação russa foi ¿desproporcional¿ às ações georgianas, mas também reconhecem a responsabilidade da Geórgia pelo início do conflito.

A primeira ação organizada internacional foi a decisão de enviar uma delegação para a Geórgia composta por integrantes da União Européia, dos Estados Unidos, da Otan (aliança militar ocidental) e da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (Osce). O anúncio foi feito pelo ministro britânico da Defesa, Des Browne. O chanceler do Reino Unido, David Miliband, disse que europeus e americanos estão em contato permanente para conseguir uma trégua rápida.

¿ Estamos analisando como deter a propagação da violência, assegurar um cessar-fogo e dar um impulso às negociações ¿ disse Miliband.

Nicolas Sarkozy, presidente da França, divulgou ontem um plano de três pontos para uma interrupção nos combates na Geórgia. Paris ocupa a Presidência rotativa da União Européia.

Segundo o plano, em primeiro lugar deveria haver uma interrupção total das hostilidades. Em segundo lugar, um ¿respeito total à integridade territorial¿ da Geórgia. Por último, Sarkozy conclamou o ¿restabelecimento da situação que prevalecia antes na área, o que implica a retirada das forças russas e georgianas para suas posições anteriores¿.

Enquanto a UE tentava chegar a um consenso para impedir que haja um derramamento de sangue ainda maior, integrantes do bloco europeu que já foram parte da antiga União Soviética ¿ Lituânia, Estônia e Letônia ¿ e a Polônia, país que já esteve sob Cortina de Ferro, divulgaram um comunicado à parte no qual exigiram que a Rússia se retire do território georgiano.

Uso de bombardeiros e mísseis balísticos é criticado

Fontes do Departamento de Estado dos EUA, principal aliado da Geórgia, acusaram a Rússia de ter respondido de forma desproporcional à ação militar georgiana contra os separatistas sul-ossetas. Citando o fato de os russos estarem supostamente usando bombardeios capazes de carregar 24,5 toneladas de bombas e até mísseis balísticos contra a Geórgia, um importante diplomata americano, que pediu para não ter o nome revelado, disse:

¿ Não posso imaginar como isso poderia ser uma resposta proporcional (à agressão). A única opção para a Rússia é uma interrupção dos ataques.

Outra importante autoridade da diplomacia dos EUA, porém, admitiu que a Geórgia não pode ser isenta de responsabilidade pela crise:

¿ A Geórgia tem parte da responsabilidade? Claro que sim, sem dúvida. Durante todo esse período pressionamos o governo georgiano, de forma convincente e vigorosa, para que fosse comedido e evitasse qualquer conflito militar com os russos e qualquer escalada. Ou seja, fomos bastante claros.

Ontem à noite, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu pela terceira vez para tentar chegar a um acordo para a redação de um texto pedindo um cessar-fogo.