Título: Um lucro da dimensão do pré-sal
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 12/08/2008, Economia, p. 17

Petrobras ganhou R$15,7 bi no semestre, alta de 44%. Receita foi de R$101 bi

Ramona Ordoñez

APetrobras anunciou ontem ter batido dois recordes em seus resultados financeiros - no segundo trimestre e no semestre. De janeiro a junho, a estatal teve lucro líquido de R$15,7 bilhões, um aumento de 44% sobre os R$10,9 bilhões do mesmo período de 2007 e o melhor resultado em um semestre. De abril a junho, registrou lucro recorde para um trimestre: R$8,7 bilhões, 29% superior aos R$6,8 bilhões do mesmo período do ano passado. O bom desempenho é explicado pelo aumento das vendas, pelo reajuste dos preços dos combustíveis - gasolina e diesel em maio, e os demais mensalmente -, puxado pelo avanço da cotação do petróleo, e pela redução dos custos operacionais, disse o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa.

Com o aumento das vendas no mercado interno aliada ao reajuste dos preços dos combustíveis, a Petrobras fechou o semestre com uma receita líquida de R$101,4 bilhões, 26% acima dos R$80,6 bilhões de igual período no ano passado. O resultado no primeiro semestre contrasta com a queda do desempenho no ano fechado de 2007, quando o lucro da estatal recuou 17%, de R$25,9 bilhões para R$21,5 bilhões, afetado pela valorização do real frente ao dólar, por recursos destinados à mudança de planos no fundo de pensão Petros e por prejuízos no setor de energia.

Estatal conseguiu lucro no exterior

No semestre, a Petrobras conseguiu anular o prejuízo na área internacional (entre as operações, estão as da Bolívia, da Argentina e da Venezuela). A empresa teve um lucro líquido de R$215 milhões, contra perdas de R$13 milhões em igual semestre do ano passado, resultado também puxado por vendas e preços maiores. No segundo trimestre a estatal teve lucro de R$187 milhões no exterior, contra R$113 milhões do mesmo período de 2007.

No semestre, as vendas de combustíveis no mercado interno cresceram 8% sobre janeiro a junho de 2007, com destaque para querosene de aviação (QAV), óleo diesel (puxado pela agroindústria) e gás natural. Barbassa destacou que o consumo de gás natural subiu 34%, devido principalmente à geração de energia por usinas termelétricas. O consumo de gás natural pulou de uma média de 45 milhões para 59,4 milhões de metros cúbicos diários no semestre.

A produção total de petróleo e gás no Brasil e no exterior totalizou 2,36 milhões de barris por dia, cerca de 3% maior que os 2,3 milhões de barris no primeiro semestre do ano passado. A produção nacional de petróleo foi de 1,85 milhões de barris por dia, 2% superior ao 1,79 milhão de igual período de 2007.

Importação subiu 18% no semestre

Segundo Barbassa, o novo plano estratégico, que será divulgado em outubro, contemplará investimentos nas áreas do pré-sal, região que pode ter uma reserva gigantesca de petróleo e gás e terá prioridade sobre a exploração no lado americano do Golfo do México.

O diretor financeiro destacou que os preços médios de combustíveis da Petrobras aumentaram no semestre, para US$100,68 o barril. No mesmo período, o preço do petróleo tipo Brent ficou em US$109.

Os investimentos da Petrobras no semestre subiram 6%, chegando a R$20,8 bilhões. As importações de petróleo e derivados aumentaram 18%, de 502 mil barris por dia para 594 mil, puxadas principalmente pelo óleo diesel para as termelétricas. No mesmo período, foram exportados 632 mil barris diários, um crescimento de 2%.

O balanço da Petrobras foi divulgado depois do fechamento do mercado acionário no Brasil. Ontem, as ações mais negociadas da estatal, as preferenciais (PN, sem direito a voto), caíram 2,53%, para R$32,70, a menor cotação desde outubro de 2007. No ano, as ações caem 25,55% e, desde o recorde dos papéis, a R$52,50, em 21 de maio, houve um recuo de 37,72%.

COLABOROU Felipe Frisch

PETRÓLEO CAIU 22% DESDE MEADOS DE JULHO, na página 18

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