Título: Cotação do petróleo tem queda de 4%
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 09/08/2008, Economia, p. 31

Operadores temem que economia fraca afete demanda por "commodities"

Claudia Carpenter*

NOVA YORK e LONDRES. Os preços do petróleo caíram ontem quase US$5 para seu menor patamar em três meses. Segundo analistas, os investidores largaram os papéis futuros da commodity para apostar no dólar, pois a moeda americana se valorizou ante o euro, após a divulgação de dados que revelaram um desaquecimento econômico pior do que se esperava na Europa. Nem mesmo o envio de tropas russas à Geórgia, área estratégica para o transporte de petrolífero, para atacar rebeldes na região de Ossétia, conseguiu pressionar os preços.

No fim da sessão na Bolsa Mercantil de Nova York (NYSE), o barril do tipo leve americano fechou cotado a US$115,20, uma queda de 4%. Já na Bolsa Internacional de Petróleo, em Londres, o preço do barril do tipo Brent recuou 3,8%, para 113,33. Com isso, os preços desceram ao patamar mais baixo desde a cotação recorde acima de US$147, alcançada em 11 de julho.

- Parece que tivemos um forte movimento de venda puxado pelo dólar mais forte - disse Peter Beutel, presidente da consultoria Cameron Hanover. - A queda na demanda por energia e a volta do dólar acabaram formando uma aliança silenciosa, que puxando para baixo os mercados de petróleo. E, hoje, o mais forte dos dois fenômenos foi o dólar.

O recuo de preços também se verifica em outros mercados de commodities, como o cobre, que registrou seu menor preço desde março e a prata que alcançou sua menor cotação desde janeiro. O setor vem sofrendo com o receio dos investidores de que a desaceleração do crescimento da economia mundial reduza a demanda por matérias-primas.

Queda do PIB da Itália surpreendeu mercados

O Produto Interno Bruto (PIB) da Itália encolheu no segundo trimestre, contrariando o previsto, revelou ontem o departamento de estatística em Roma. A economia do Japão provavelmente sofreu uma contração no período de três meses encerrado no fim de junho, segundo estimativas de 25 economistas consultados pela Bloomberg News.

- As pessoas estão entendendo que poderemos ter pela frente dois ou três trimestres difíceis - disse Christoph Eibl, co-gestor de commodities na Tiberius Asset Management AG em Zug, na Suíça.

- O petróleo está seguindo a relação euro-dólar, e isso está mantendo as pressões baixistas - disse Gerrit Zambo, operador de petróleo da BayernLB de Munique. - Há preocupações sobre a situação da economia, com expectativas de estagnação da demanda.

(*) Com agências internacionais