Título: Pólo siderúrgico injetará US$ 7,5 bi no Pará
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 12/08/2008, Economia, p. 19

Só a Vale, segundo fontes, investirá cerca de US$5 bilhões em vários projetos na região

Henrique Gomes Batista

MARABÁ e BRASÍLIA. Tradicional produtor de minérios, o Pará vai se tornar, em poucos anos, um importante pólo siderúrgico, com investimentos que podem chegar a US$7,5 bilhões. O primeiro passo nessa direção será dado na quinta-feira, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a região de Barcarena e participa do anúncio de um bilionário pacote da Vale para o Pará, incluindo uma siderúrgica em Marabá, no Sul do estado. A empresa não adianta os detalhes, mas fontes dizem que os investimentos serão de US$5 bilhões.

A Vale não estará sozinha. A americana Nucor Steel deve anunciar em breve investimentos de US$2 bilhões em outra siderúrgica, também em Marabá. A empreitada seria em parceria com a brasileira Cosipar, que não confirma o negócio oficialmente, apesar de admitir que está planejando investimentos fortes na região, em parceria com grupos estrangeiros.

Além disso, começou a funcionar em maio a Sinobrás, siderúrgica que o Grupo Aço Cearense está construindo no local, a um custo de aproximadamente US$500 milhões. O grupo espera produzir 300 mil toneladas de aço por ano, a partir de 2009.

Para muitos, a siderurgia é a panacéia de Marabá, hoje com cerca de 200 mil habitantes. A região sempre foi extrativista ou ligada à produção primária de bens. Desde que o município foi criado, há 95 anos, viveu as fases da borracha, da castanha, do diamante, do ouro - Serra Pelada fica em suas cercanias - e da extração de ferro. Atualmente, o gado domina a economia local, porém sem dinamismo.

- Essa é a única chance de crescimento sustentável de Marabá - disse Gilberto Leite, presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, referindo-se aos projetos metalúrgicos.

Moradores apostam na redução da violência

Embora toda a confiança esteja depositada na siderúrgica da Vale - que, segundo fontes, se chamará Aços Laminados do Pará e será construída com financiamento do BNDES -, a realidade da cidade também será fortemente alterada pela conclusão da eclusa de Tucuruí, no Rio Tocantins, segundo Leite.

Acredita-se que a prosperidade diminuirá a violência local, ainda alta e forjada nos períodos de luta pelo ouro e pela terra. Na região de Marabá foi registrado o maior conflito da história fundiária recente do país, o Massacre de Eldorado dos Carajás, onde 19 trabalhadores sem terra foram mortos em 1996.