Título: Sem Lula, candidatos exibem apoio federal
Autor: Bruno, Cássio; Bottari, Elenilce
Fonte: O Globo, 11/08/2008, O País, p. 4

Aliados da base do governo fazem campanha com ministros e aguardam presença do presidente no 2º turno carioca

Cássio Bruno, Elenilce Bottari e Marcella Sobral

Sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha, os candidatos de partidos da base aliada que concorrem à prefeitura do Rio - Marcello Crivella (PRB), Jandira Feghali (PCdoB), Eduardo Paes (PMDB) e Alessandro Molon (PT) - tentam trazer nomes do governo federal. Ontem, foi o ministro da Justiça, Tarso Genro, que fez campanha para o petista Alessandro Molon. Lula só deve vir ao Rio no segundo turno, e ainda assim se um dos finalistas for da oposição.

Para Tarso, não há conflito na participação de ministros em campanhas diferentes. Molon também acha natural que ministros estejam apoiando candidatos de outros partidos, já que a base de Lula é ampla. Mas disse que irá à Justiça se um adversário usar a imagem do presidente no programa eleitoral.

Confiança no apoio e na tradição petista

Sobre a falta de participação mais efetiva de Lula em sua campanha, Molon não se mostrou frustrado. Disse que o apoio virá.

- O aceno virá no momento certo. O momento adequado quem decide é o presidente, mas temos certeza de que vamos contar com todo o apoio necessário dele e de todos os membros do PT. O presidente é filiado ao PT, é fundador do PT, presidente de honra do PT, disputou todas as eleições pelo PT, o seu número é 13 e a sua marca é a estrela. Portanto, não há como dissociá-lo do PT. Quem tentar separar o presidente do PT vai se dar mal.

Para Molon, o flerte entre Lula e Crivella (PRB) não dará em nada.

- Como ligar o presidente Lula a alguém mais do que ao PT? É impossível, é uma tentativa que se frustrará. Já vimos, pela história, que o presidente e o PT são uma só coisa.

Mas em junho, numa reunião ministerial, Lula disse: "Como vou subir no palanque de (Alessandro) Molon e fazer campanha para ele no Rio se Crivella, meu amigo, está na disputa? Ele é meu correligionário, sempre me ajuda em tudo".

Crivella (PRB) espera receber esta semana um apoio crucial: o do vice-presidente José Alencar, que é de seu partido. Ele deve gravar esta semana para o programa de Crivella.

- O vice-presidente não se sente na mesma obrigação que o presidente. Nosso partido, que começou agora, depende muito dele. O PT tem muito tempo de TV e muito fundo partidário. Nosso partido não tem nem tempo nem fundo - afirmou Crivella.

Apesar de ter feito duras críticas ao presidente Lula na CPI dos Correios, Eduardo Paes, do PMDB, também espera apoio do governo. Na sexta-feira teve um encontro com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e depois reunião reservada com o ministro das Cidades, Márcio Fortes.

- Os ministros são atores políticos, com filiação partidária, e compete a eles optar por seus candidatos. Estive com o ministro Marcio Fortes para um apoio político. Com o ministro Temporão não era apoio político, mas apresentei meu programa de saúde. É natural que os ministros manifestem suas opiniões. Tenho certeza de que no segundo turno teremos o apoio de todos os ministros - disse.

Paes: importante é destacar a futura parceria

Sobre a possibilidade de Lula subir em seu palanque, Paes foi cuidadoso:

- Se o adversário for da base do presidente Lula, ele não vai subir, vai manter posição eqüidistante. Se o adversário for um candidato que não esteja na base, pode ser que suba. O importante é que a população tenha a clareza que vamos governar juntos com o presidente Lula e com o governador Sérgio Cabral para resolver os problemas do Rio. Vamos trabalhar em parceria.

Jandira já tem o apoio do ministro dos Esportes, Orlando Silva, do PCdoB. Ela disse desconhecer o pacto feito pelo presidente Lula com os partidos da base:

- Não sei de pacto e não gostaria de comentar a campanha dos outros. Tenho uma história de mais de 20 anos de apoio e lutas ao lado de Lula, mesmo quando ele não era presidente. Teoricamente posso usar a imagem dele na campanha, desde que esteja ligada ao nosso passado de lutas e à cidade do Rio de Janeiro.

Por causa do mau tempo ontem de manhã, Solange Amaral (DEM), Fernando Gabeira (PV), Paulo Ramos (PDT) e Chico Alencar (PSOL) cancelaram suas agendas públicas.

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