Título: Transplantes: Pacientes dão apoio a médico
Autor: Costa, Ana Claudia ; Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 13/08/2008, O Globo, p. 19

Grupo faz protesto em frente ao Hospital do Fundão e divulga abaixo-assinado em favor de ex-coordenador de serviço

Ana Claudia Costa e Demétrio Weber

Pacientes, amigos e parentes do médico e ex-coordenador do programa Rio Transplante Joaquim Ribeiro Filho fizeram ontem um protesto e um ato de desagravo ao profissional em frente ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Fundão). Cerca de 50 pessoas, munidas de cartazes e camisetas, com apoio da entidade Amigos do Transplante, reclamaram da interrupção do serviço de transplante de fígado na unidade. Desde a prisão do médico, no dia 30 passado, durante a Operação Fura-Fila, da Polícia Federal, o hospital está proibido de fazer esse tipo de cirurgia. O procedimento agora é realizado no Hospital Geral de Bonsucesso. Joaquim, solto no dia 5, é acusado de participação num esquema que furava a fila de espera por transplante.

Operada há pouco mais de um mês, Lilia Borges, de 23 anos, disse que hoje sente falta do tratamento dado a ela pela equipe médica que a atendia. Ainda em processo de recuperação, ela disse que Joaquim sempre foi um ótimo profissional e nunca pediu dinheiro aos pacientes.

¿ Depois de tudo isso, os médicos do hospital ficaram desorientados. Eles salvam vidas e estão sendo tratados com marginais ¿ disse.

Há cinco anos paciente de Joaquim, o aposentado Reinaldo Chaves Neves, de 68 anos, disse que ainda faz tratamento no Hospital do Fundão e é grato por ter sua vida salva pela equipe de transplante da unidade. Já Gerson Gelbert disse que os médicos do Fundão salvaram a vida de sua filha Sally Meier Gelbert, de 24 anos. Ele contou que Sally já estava em coma quando foi operada em caráter prioritário pela equipe de Joaquim.

¿ O transplante feito pelo doutor Joaquim salvou a vida dela ¿ disse.

Durante o protesto, pacientes e amigos do médico divulgaram uma carta e um abaixo-assinado, com 169 nomes, em apoio ao ex-coordenador do Rio Transplante. De acordo com pacientes, a equipe médica que trabalha no hospital está constrangida desde a operação da Polícia Federal.

Primeira da fila, com cirrose grave e aguardando um fígado para ser operada há dois anos, Elenilce Alves da Silva, de 30 anos, disse que sequer foi informada se conseguirá fazer o transplante no Hospital Geral de Bonsucesso, único autorizado a realizar a cirurgia.

¿ Ninguém me informou se serei remanejada para Bonsucesso. Eu prefiro ser operada pelo doutor Joaquim, que me acompanha desde o início do tratamento ¿ disse.