Título: Cinco milhões pedem terceiro mandato de uribe
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Fonte: O Globo, 13/08/2008, O Globo, p. 29

Autoridade eleitoral analisa abaixo-assinado que respalda reforma permitindo outra reeleição de presidente da Colômbia

BOGOTÁ. A Organização Eleitoral colombiana começou ontem a analisar um abaixo-assinado com mais de cinco milhões de assinaturas respaldando um terceiro mandato para o presidente Álvaro Uribe. O documento gigantesco, que foi entregue com a ajuda de cinco caminhões blindados na segunda-feira, excede em muito as 1,5 milhão de assinaturas necessárias para a convocação de um referendo sobre a reforma constitucional.

A partir de agora, as autoridades têm 30 dias para verificar as assinaturas. Depois, o projeto será enviado ao Congresso para discussão. Acredita-se que a lei pode ser aprovada dentro de três meses, para então ser analisada a sua constitucionalidade. Se seguir nesse ritmo, os colombianos deverão ser convocados às urnas em meados do próximo ano para decidir se Uribe poderá concorrer a mais quatro anos na Casa de Nariño. Será necessário o apoio de pelo menos sete milhões de colombianos, o que corresponde a 25% dos eleitores, para aprovar a reforma constitucional.

Embora a bancada governista tenha sido afetada pelo escândalo de vínculos entre congressistas e grupos paramilitares, conta com força suficiente para aprovar o referendo, que é rejeitado pela oposição, formada pelo Partido Liberal (social-democrata) e pelo Pólo Democrático Alternativo (PDA, de esquerda).

¿ Espero que o Congresso interprete o clamor de 5 milhões de colombianos para reeleger o presidente Uribe ¿ declarou o ex-senador governista Luis Guillermo Giraldo, líder do comitê pró-Uribe.

Para o congressista Óscar Darío Pérez, do Alas-Equipo Colômbia, a aprovação é certa:

¿ Realmente, 5,2 milhões de assinaturas é uma cifra eloqüente. Fica difícil para qualquer Parlamento no mundo não reconhecer essa vontade popular.

Oposição vê ¿uma ditadura de modelo populista¿

Uribe, por sua vez, não se manifesta sobre o assunto ¿ tampouco descarta um novo mandato. Ele assumiu a Presidência pela primeira vez em 7 de agosto de 2002, e na época o presidente só poderia ser reeleito para mandato não consecutivo. Foi preciso uma polêmica reforma constitucional ¿ em meio à denúncia de suborno de uma congressista ¿ para que disputasse e ganhasse a eleição de 2006, no primeiro turno. Ele conta com altos índices de aprovação, que segundo algumas pesquisas chegam a 91% ¿ o que praticamente lhe assegura um terceiro mandato, caso entre na nova disputa.

A possibilidade de um novo governo Uribe, no entanto, despertou críticas da oposição, que reclamou dos gastos com o possível referendo e acusou o presidente de desejar se perpetuar no poder.

¿ Querer propor Uribe como presidente à perpetuidade não é outra coisa senão tentar montar uma ditadura de modelo populista ¿ acusou o senador Jorge Enrique Robledo, do Pólo Democrático.