Título: Uma aposta arriscada
Autor: Pereira, Daniel; Rocha, Marcelo
Fonte: Correio Braziliense, 21/05/2009, Política, p. 2

O PMDB avança, o PT se retrai. Tudo com a anuência e a contribuição decisiva do presidente da República. É assim no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao contrário do que parece, essa tendência não revela um distanciamento gradual do presidente com os petistas. Pelo contrário, faz parte de uma aposta arriscada de Lula para garantir à legenda que fundou e da qual é presidente de honra o controle do governo a partir de janeiro de 2011, quando ele passará a faixa ao sucessor.

Lula sabe que precisa manter os peemedebistas na órbita da candidatura de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. Ou, pelo menos, deixá-los distantes do concorrente do PSDB ¿ seja ele o governador paulista, José Serra, ou mineiro, Aécio Neves. Caso contrário, a ¿mãe do PAC¿ não terá chances de vencer a corrida sucessória. Na prática, Lula paga caro hoje para receber um bem maior no futuro. Pena que, para isso, lance mão de dotes públicos, como cargos em estatais, e alimente um modelo de relação entre Executivo e partidos políticos que merece a pecha de fisiológico desde a gestão de Fernando Henrique Cardoso. O sistema está viciado, e não há perspectiva de mudança. (DP)