Título: FH leva apoio a Alckmin e diz que Serra fará o mesmo 'quando quiser'
Autor: Duarte, Alessandra ; Borges, Waleska
Fonte: O Globo, 15/08/2008, O País, p. 8

No mesmo dia, governador posa ao lado de Kassab, que recuou de pedágio

Adauri Antunes Barbosa

SÃO PAULO. Depois de visita ao candidato tucano à prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, a quem manifestou apoio ontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tentou justificar a ausência do governador José Serra (PSDB) na campanha. Enquanto os dois tucanos conversavam, Serra comparecia à abertura da 20ª Bienal Internacional do Livro, ao lado do adversário de Alckmin, o prefeito Gilberto Kassab (DEM), com quem trocou elogios públicos.

- É natural que haja inquietação quando começa uma campanha. Mas a campanha vai se desenrolar com o tempo. Pessoas com responsabilidade pública não podem ficar toda hora comparecendo em campanha. O Serra virá quando ele quiser. Ele saberá o momento adequado.

Ex-presidente diz que PSDB e DEM farão aliança no 2º turno

Perguntado sobre sua posição anterior, de apoio à reeleição de Kassab, o ex-presidente disse que o assunto está superado e que todos devem estar juntos no segundo turno.

- Estrategicamente, me pareceu conveniente a aliança entre PSDB e DEM. Não tendo havido condição de formar essa aliança, estou com o meu partido. A aliança deve acontecer no segundo turno. Vai ser uma eleição positiva, porque ele (Alckmin) vai herdar uma prefeitura organizada, uma prefeitura onde o PSDB tem papel predominante. Não há contradição nisso.

Alckmin antecipou-se às perguntas sobre Serra:

- O Serra já está nos apoiando desde a convenção. Converso com ele todos os dias. Deixa o governador trabalhar.

Depois de conversa de cerca de uma hora, Alckmin levou Fernando Henrique para tomar um café em bar próximo ao comitê do PSDB. Em seguida, acompanhou o ex-presidente até o carro, mas avisou ao dono do bar:

- Volto já pra pagar!

Em entrevista à "Rádio Tucana", do PSDB, Fernando Henrique disse que o PSDB e a oposição vão se sair muito bem nas eleições, mas ponderou:

- Não convém cantar vitória antes da hora. Vamos esperar os resultados e ver quantos prefeitos de capital o PT vai fazer e quantos nós faremos. Aí sim, será um bom indicador. E poderemos medir nosso pulso para as eleições de 2010.

Ontem, Kassab mandou retirar da Câmara Municipal projeto de lei que previa adoção do pedágio urbano na cidade. A proposta, lida em plenário na quarta, faz parte da Política Municipal de Mudança Climática. Segundo a prefeitura, a cobrança deveria ter sido cortada. Após a correção, o projeto será reapresentado. A cobrança de taxas e impostos tem sido tema importante na campanha, especialmente por causa de Marta Suplicy (PT), também candidata, que criou tributos quando prefeita.

Kassab diz que não teme assumir posturas amargas

O projeto previa "planejamento e implantação de sistemas de tráfego tarifado, por meio de lei específica, em áreas saturadas de trânsito, com vistas à redução da emissão de gases de efeito estufa". De acordo com o projeto, a arrecadação seria destinada "obrigatoriamente para a ampliação da oferta de transporte público". O prefeito disse que a cobrança já deveria ter sido retirada do projeto:

- Essa prefeitura não tem nenhum problema em assumir posturas que, desde que sejam boas para a cidade, sejam amargas. No caso específico, nós somos contra o pedágio urbano, até porque isso é privilegiar os ricos e as pessoas não têm a alternativa de um transporte público de qualidade. Enquanto isso não acontecer, nós somos contra o pedágio urbano.