Título: Infra-estrutura é ponto fraco do setor aéreo
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 17/08/2008, Economia, p. 43

Pelo estudo, é preciso investir com urgência em aeroportos

SÃO PAULO. O maior desafio para o setor aéreo é sua frágil infra-estrutura. A Bain & Company aponta a necessidade de "investimentos urgentes" nos aeroportos de Rio, Brasília, Belo Horizonte e São Paulo, onde está o maior gargalo. Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) anunciou ter encontrado irregularidades nos contratos para expansão de nove aeroportos brasileiros. No caso do Santos Dumont, a Infraero já gastou R$45,6 milhões a mais que o necessário nas obras de modernização, o equivalente a 13,6% do valor do contrato (de R$334,6 milhões).

Em reação, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, determinou a rescisão dos contratos sob suspeição e a realização de novas licitações. No entender do TCU, as irregularidades ameaçam a infra-estrutura aeroportuária para a Copa do Mundo de 2014, que será sediada no Brasil.

Querosene afeta balanço de empresas no país

A variação de preços do petróleo afetou o resultado das principais empresas aéreas no primeiro semestre. Na Gol, o aumento das despesas com combustíveis e lubrificantes foi de 62,9% e chegou a R$1,39 bilhão, de acordo com balanço divulgado pela companhia. Já a TAM registrou alta de 51%, com despesas de R$1,8 bilhão. O preço médio do querosene de aviação subiu 26,5% nos seis primeiros meses do ano.

Para compensar o aumento de custos, as duas empresas - que dominam quase 90% do mercado - reajustaram suas tarifas. Segundo a FGV, o preço das passagens domésticas subiu 16,28% de janeiro a junho. A redução da velocidade de cruzeiro de vôos e o aumento do tempo de uso da frota foram outras medidas adotadas.

O resultado desse esforço, no entanto, foi desigual. A TAM, líder de mercado, acumulou lucro de R$52,7 milhões no primeiro semestre, o que representou uma alta de 72,7% em relação a igual período de 2007. Já o balanço da Gol estampou prejuízo de R$290,8 milhões, anulando o lucro líquido de R$248,6 milhões de um ano antes.

Segundo especialistas, a maior dificuldade da Gol está em recuperar as operações da Varig, adquiridas em março de 2007. Antes do balanço negativo, a empresa comandada por Constantino de Oliveira Júnior já havia anunciado a suspensão do pagamento de dividendos a seus acionistas até o fim do ano. A boa notícia é que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu sinal verde para a integração das companhias, o que pode permitir uma economia de até R$180 milhões com despesas hoje duplicadas.

Pesquisa da Economática mostra que as ações da Gol acumulavam queda de 64,9% no ano, até o pregão da última quarta-feira, o pior resultado de uma lista de empresas acompanhadas pela consultoria no continente.