Título: Mercado de aviação pode quadruplicar no país
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 17/08/2008, Economia, p. 43

Hoje, a relação é de um passageiro para cada quatro habitantes. Em 20 anos, será de um para um, diz consultoria

Aguinaldo Novo

SÃO PAULO. Em crescimento acelerado desde 2004, puxado pela recuperação da renda e pela explosão do crédito, o mercado nacional de aviação tem potencial para quadruplicar de tamanho em até duas décadas. É o que indica um estudo da consultoria Bain & Company. Concluído no último mês, ele considera a relação entre habitantes e passageiros transportados pelas companhias aéreas. No Brasil, essa relação é de 0,25 (como se, a cada quatro brasileiros, um viajasse de avião). É uma proporção baixa se comparada, por exemplo, à dos EUA, onde cada habitante viajaria 2,5 vezes.

- O Brasil tem hoje 190 milhões de habitantes, e cerca de 50 milhões viajam de avião. A previsão é que esse índice chegue a um em até 20 anos - diz o especialista André Castellini, responsável pelo trabalho.

O número de passageiros tem crescido acima da variação do Produto Interno Bruto (PIB). Pelos dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o total de viajantes que efetivamente pagaram passagem subiu 12,3% entre 2005 e 2006. No ano passado, as empresas contabilizaram 44,4 milhões de pagantes nas linhas domésticas, 11,9% a mais que em 2006. O ritmo continuou forte no primeiro semestre deste ano, quando o número de passageiros pagos transportados somou 28,5 milhões, um aumento de 10% sobre os seis primeiros meses de 2007.

A Bain & Company considera um crescimento médio anual de 4% a 4,5% do PIB nos próximos anos. Outra premissa é a estabilidade do preço do petróleo, que no começo do ano chegou a US$150 o barril e levou muitos economistas a preverem um choque da commodity.

Segundo o estudo, um valor de equilíbrio seria entre US$100 e US$110 o barril - que é o patamar atual de preços. Os gastos com combustíveis representam, em média, 40% dos custos totais das empresas aéreas, o dobro das despesas com os salários de funcionários.

- A alta recente do petróleo obrigou as empresas a adotar providências extras, como o corte da oferta de assentos - afirma o especialista, ressaltando que o uso do transporte aéreo no país ainda é baixo e tem um longo caminho para crescer.