Título: Exportação da 'commodity' cai 17% no ano
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 17/08/2008, Economia, p. 55

Preço maior, no entanto, garante alta de 63% nas vendas

BRASÍLIA. O peso do preço do petróleo na balança comercial brasileira também fica claro quando se analisam as exportações do combustível. No levantamento realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) no período de janeiro a julho, as vendas externas aumentaram 63% em valor. Mas, se esse índice for desmembrado em quantidade e preço, o país embarcou, em volume, 17% menos do que nos sete primeiros meses de 2007.

Se forem levados em conta o os derivados, nos sete primeiros meses do ano as exportações de petróleo, óleos combustíveis e gasolina somaram US$9,953 bilhões, enquanto as importações de petróleo e nafta, principalmente, atingiram US$17,971 bilhões. O déficit é de US$8,108 bilhões.

- Um dos problemas é que o petróleo que exportamos tem um preço bem inferior ao que pagamos para importar - afirmou o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Segundo ele, em junho deste ano, o Brasil recebeu US$775 pela tonelada exportada e pagou US$925 pela importada.

- Petróleo, o Brasil exporta e importa, o que pode ser alguma compensação. A preocupação é com produtos que só exportamos e dos quais dependemos dos preços, como carnes, café, soja, alumínio e açúcar - disse Castro.

Setor químico é um dos mais afetados

A alta da cotação do petróleo verificada até fim de junho atingiu diretamente as indústrias químicas, de plástico e matérias-primas para fertilizantes, especialmente nitrogenados.

- Nosso setor é bastante afetado, principalmente no que diz respeito à cadeia petroquímica. Um dos primeiros produtos da refinação do petróleo é a nafta, de onde se originam segmentos da indústria, como os termoplásticos - afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Nelson Pereira dos Reis. - O setor químico tem um déficit comercial acumulado de US$12,3 bilhões, causado pelo petróleo, o real valorizado frente ao dólar e, na maior parte dos casos, a redução da oferta no mercado interno.

Santos acrescentou que o preço do petróleo nos últimos 12 meses subiu 96%. O da nafta, que é a matéria-prima básica para a cadeia química, aumentou 34% no período. O Brasil importa 30% da nafta que consome.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Merheg Cachum, disse esperar que as últimas reduções do preço do petróleo melhorem os custos do setor, que abrange em torno de 11,2 mil empresas.

- Não temos alternativa, a não ser atualizar os preços de nossos produtos. (E. O.)