Título: Wider muda de idéia e apóia medida
Autor: Duarte, Alessandra
Fonte: O Globo, 16/08/2008, O País, p. 4

Presidente do TRE diz que Justiça Eleitoral vai trabalhar unida por lisura

Maiá Menezes e Carolina Brígido

RIO e BRASÍLIA. Inicialmente contrário à proposta do envio de tropas federais para garantir a segurança das eleições no Rio, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Roberto Wider, apoiou ontem a decisão. Wider conversou anteontem, por telefone, com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, e se manifestou favorável ao pedido feito pelo governador Sérgio Cabral. Inicialmente, ele achara o envio precipitado.

Áreas mais frágeis serão mapeadas para o TSE

De acordo com Wider, a decisão "se soma ao trabalho que a Justiça Eleitoral fluminense vem desenvolvendo com a Polícia Federal para identificar os candidatos beneficiados pelas ações desses grupos".

- Eu e o ministro (Ayres) Britto conversamos longamente ainda na noite de quinta-feira e manifestei meu total apoio às decisões do TSE, inclusive colocando à disposição desse esforço toda a estrutura do TRE do Rio de Janeiro. Há uma sintonia muito grande nas nossas visões e preocupações, de maneira que a Justiça Eleitoral vai continuar trabalhando unida para garantir a segurança, a tranqüilidade e a lisura das eleições de 2008 - disse Wider.

Em reunião em 29 de julho foi acertada a criação de um grupo de trabalho, reunindo as polícias Civil, Militar e Federal, para combater a influência do tráfico e das milícias nas campanhas. Na época, Wider considerou desnecessária a presença da Força Nacional de Segurança ou de tropas do Exército na cidade. A força especial, criada na reunião, seria usada para dar segurança aos candidatos que se sentissem impedidos de entrar em comunidades controladas por milícias. Desde o começo da discussão, Cabral defendeu o envio de tropas federais.

Ainda não há previsão de quando o presidente do TSE solicitará ao Ministério da Defesa o envio das tropas para o Rio. Primeiro, ele quer fazer um mapeamento das áreas mais frágeis da capital, com o apoio do TRE, do Ministério Público, da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança do Rio. Na semana que vem Ayres Britto vai se reunir com o ministro da Justiça, Tarso Genro, para tratar do assunto.

- A idéia é identificar pontos de maior fragilidade estrutural, de maior dependência dessa influência nociva das duas forças, as do tráfico e das milícias, de modo mais direcionado - disse o ministro.

Os militares começarão a trabalhar assim que a ordem de Ayres for dada, em conjunto com as polícias locais e a Polícia Federal, que integram a força-tarefa criada para coibir a atuação do tráfico e das milícias durante a campanha. Será a primeira vez que tropas atuarão para garantir a segurança das eleições ainda na fase de campanha. Normalmente, a presença dos militares é requisitada para o dia da votação.

O Ministério da Defesa informou que aguarda o pedido do TSE e reafirmou que cabe ao tribunal mandar ao Estado-Maior da Defesa um pedido detalhado, apontado as zonas eleitorais a serem protegidas, com base em informações recolhidas pelo TRE e pelo governo estadual.