Título: Crivella, Paes e Solange elogiam a vinda de tropas; os demais criticam
Autor: Duarte, Alessandra
Fonte: O Globo, 16/08/2008, O País, p. 4

Candidato do PMDB chega a dizer que Exército deveria ficar "para sempre"

Alessandra Duarte

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de enviar as Forças Armadas para garantir a segurança durante a campanha eleitoral no Rio foi elogiada pelos candidatos Marcelo Crivella (PRB), Eduardo Paes (PMDB) e Solange Amaral (DEM). Já Jandira Feghali (PCdoB), Chico Alencar (PSOL), Alessandro Molon (PT), Fernando Gabeira (PV) e Paulo Ramos (PDT) não concordam com o reforço de militares. Mesmo os que aprovam a vinda das tropas, porém, não querem saber de escolta militar nos seus atos de campanha.

Eduardo Paes, que classificou a decisão do envio de tropas como"muito positiva", quer as Forças Armadas no Rio "para sempre":

- Se for para garantir a segurança das pessoas, que seja feito já. E não só nas eleições, mas depois delas. Eu gostaria que elas (as tropas) ficassem para sempre, ajudando o estado na segurança.

- É uma medida importante para garantir que todos os candidatos tenham acesso ao eleitor. Pode evitar que a milícia e o tráfico tenham influência sobre o voto nas comunidades - elogia Marcelo Crivella.

Apesar de aprovar a presença das tropas, Solange Amaral preferiu ficar em cima do muro e também se disse preocupada com os riscos dessa presença:

- Mais segurança no Rio é sempre bom. O carioca vê o quadro de descontrole a que está sendo submetido. Só temo que inocentes possam ser alvo deste aparato.

"As instituições têm que garantir eleições livres"

Para Jandira, a garantia do voto livre poderia ser feita de outra forma, "com inteligência":

- As instituições têm que garantir eleições livres e limpas. No entanto, me preocupa colocar Forças Armadas em favelas. Toda ação tem que ser com inteligência, para não prejudicar a população das comunidades, de trabalhadores.

Molon sublinha que o debate está centrado na segurança dos candidatos, quando o foco deveria ser a dos moradores.

- No dia da eleição é aceitável a presença das tropas para garantir a lisura do pleito. Agora, os soldados não são treinados para a manutenção da segurança pública do dia-a-dia. Poderia haver reforço é de forças policiais, das polícias Militar e Civil - opina Molon. - O ministro (Ayres Britto) falou da segurança dos candidatos. Mas o que está em jogo não é a liberdade deles, e sim a do cidadão das comunidades de apoiar quem quiser.

- O que me preocupa é que, depois que sairmos das comunidades e voltarmos para casa, a população dessas áreas vai continuar a ser refém das forças criminosas - acrescenta Gabeira.

Chico Alencar também acha que a discussão sobre o envio das tropas tem se voltado só para a liberdade dos candidatos:

- Sempre questiono a segurança com prazo de validade. Combater milícia e tráfico só por causa da eleição é uma ofensa à população pobre. E o modus operandi disso pode restringir a liberdade da campanha, em vez de garanti-la. A Justiça eleitoral deveria explicar aos comitês dos partidos como será isso - diz Chico, para quem as tropas poderiam dar apoio aos fiscais do TRE no combate à propaganda irregular, ao uso da máquina pública e ao abuso de poder econômico.

Para Paulo Ramos, o envio das tropas não é necessário:

- É só uma forma de justificar a política de segurança pública do governo estadual, que criminaliza a pobreza.