Título: A concorrência é boa para a Petrobras
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 16/08/2008, Economia, p. 26

Presidente do Grupo Ultra defende competição no mercado de combustíveis

Ele é paulistano, trabalha em São Paulo, mas garantiu que a sede da distribuidora de combustíveis Ipiranga continuará no Rio. Um dia após anunciar a compra dos postos Texaco, o presidente do Grupo Ultra, Pedro Wongtschowski, diz que o mercado deve se consolidar, com redução dos postos de bandeira branca.

Ramona Ordoñez

Preocupa os empresários do setor a possibilidade de a BR aumentar a sua participação, que já é de 34%?

PEDRO WONGTSCHOWSKI: Acho que para o Brasil e a própria Petrobras a existência de empresas privadas no mesmo setor é bom. A partir deste momento haverá uma estabilização. Não prevejo grandes mudanças de posição das distribuidoras. Com a redução da informalidade e a exigência do consumidor por serviços de qualidade, acredito que haverá redução gradual dos postos de bandeira branca, porque hoje grande parte da competitividade deles deriva da informalidade.

Está otimista quanto ao crescimento do mercado?

WONGTSCHOWSKI: Sim. O setor passou por um período terrível. Mas o processo de formalização do mercado está se acentuando, com menos liminares. Ainda existe certo grau de sonegação e de adulteração, mas há uma redução gradual da informalidade. Temos um mercado em expansão, com a melhoria da economia, em processo de regularização e de consolidação, com redução do número de agentes.

A bandeira do grupo Ultra na distribuição continua sendo a Ipiranga?

WONGTSCHOWSKI: A Ipiranga é uma marca tradicional e conhecida no país todo e será a nossa marca. Entre 2012 a 2014 no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste vamos fazer a transição da marca Texaco para Ipiranga. É que até 2012 é o prazo que a BR tem para colocar a sua marca nos postos que adquiriu da Ipiranga nessas regiões.

.A Ipiranga agora com a compra da Texaco se torna um grande comprador de álcool combustível?

WONGTSCHOWSKI: As vendas totais dos nossos postos chegam a 3 bilhões de litros de álcool por ano. Passamos a ser o maior comprador privado de álcool do Brasil.

Por que vocês decidiram entrar na distribuição de combustíveis?

WONGTSCHOWSKI: Nós precisávamos crescer, primeiro para ter maior escala no negócio de distribuição e para ter atuação nacional, e com isso poder atender plenamente a nossos clientes. Agora já temos 23% do mercado de combustíveis, assim como somos líderes no GLP (gás de cozinha), com 24%.

O Ultra está investindo cerca de R$2,2 bilhões até 2009 nos projetos de logística, química e combustíveis. Sem considerar os R$2,5 bilhões compra dos postos Ipiranga. Não está se endividando demais?

WONGTSCHOWSKI: Nós sempre fomos financeiramente cautelosos. A estimativa é que nossa dívida em 2010 será da ordem uma vez e meia o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). A Ipiranga foi paga com emissão de novas ações da Ultrapar. A Texaco vai ser paga com recursos próprios.