Título: PSDB cobra mudança de rumo em São Paulo
Autor: Camarotti, Gerson ; Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 19/08/2008, O País, p. 8

Alarmada com mau desempenho de Alckmin, cúpula quer atitude mais agressiva do candidato e engajamento de Serra

Gerson Camarotti e Adauri Antunes Barbosa

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A queda de cinco pontos percentuais do candidato tucano Geraldo Alckmin à prefeitura de São Paulo, registrada na última pesquisa do Ibope, divulgada sexta-feira, levará o comando nacional do PSDB a tentar redirecionar os rumos da campanha. Integrantes da cúpula do partido defendem uma reestruturação radical na campanha de Alckmin, que passaria por três desafios: levar o tucano ao confronto com a petista Marta Suplicy; fazer o governador José Serra se engajar de vez na campanha; e conseguir que Alckmin apresente uma proposta concreta de governo.

Na percepção da cúpula do PSDB, ainda não há campanha na rua de Alckmin, que está sem discurso. Por isso, a melhor estratégia seria partir para o enfrentamento já com a primeira colocada nas pesquisas.

O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), pretende conversar pessoalmente com Alckmin e Serra nos próximos dias.

- Neste momento, é preciso reavaliar os rumos da campanha e mais uma vez entender que precisamos ganhar a eleição do PT - disse Guerra.

Cúpula admite que racha interno prejudica Alckmin

Levantamento do Ibope, divulgado sexta-feira pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S.Paulo", mostra que Marta subiu de 34% para 41%. Já o tucano caiu de 31% para 26%. O deputado Paulo Maluf (PP) manteve os 9%. E o prefeito Gilberto Kassab (DEM), que aparecia com 10% na primeira pesquisa, em 19 de julho, caiu para 8%.

A simulação para o segundo turno também alarmou o comando do PSDB. Na disputa entre Marta e Alckmin, a petista ganha de 47% a 42%.

Os tucanos reconhecem que a candidatura de Alckmin foi prejudicada pela divisão interna, já que parcela do PSDB apóia a reeleição de Kassab. Para a cúpula do partido, a pesquisa mostra que chegou a hora de pôr um ponto final na briga interna, pois cresce o risco de graves seqüelas para a candidatura de Alckmin.

Por isso, o comando do PSDB deve trabalhar para um envolvimento imediato de Serra na campanha. Nos gabinete dos comandantes tucanos em Brasília, a presença de Serra é considerada fundamental, não só nos programas de TV, mas também na campanha de rua. O partido também vai cobrar uma atitude mais contundente de Alckmin nesta campanha.

Kassab culpa tucano por sua queda em pesquisa eleitoral

Alckmin disse ontem que Serra "está na fita" de sua campanha, mas não confirmou se o depoimento gravado sexta-feira pelo governador será usado amanhã, na estréia do programa eleitoral.

- Serra está na campanha e vai estar na fita - afirmou Alckmin ontem, durante caminhada na Vila Prudente.

Serra, que defendia a candidatura de Kassab, mas teve de aceitar a decisão de seu partido pela candidatura própria, gravou depoimento para o programa de TV de Alckmin. A participação foi entregue à equipe de marketing na sexta-feira.

Kassab atribuiu ontem à candidatura de Alckmin o seu baixo desempenho nas pesquisas. Segundo o prefeito, a não-manutenção da aliança DEM-PSDB dividiu os votos entre eles.