Título: Pf quer lins na lista vermelha da interpol
Autor: Ramalho, Sérgio
Fonte: O Globo, 19/08/2008, O Globo, p. 13

Tribunal vai decidir se nome de deputado cassado e ex-chefe de Polícia Civil vai integrar relação de procurados

Sérgio Ramalho

A Polícia Federal aguarda a determinação da juíza federal Márcia Helena Nunes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, para divulgar o nome do deputado cassado e ex-chefe de Polícia Civil Álvaro Lins na lista de procurados da Interpol, a polícia internacional. O ex-parlamentar teve a prisão preventiva decretada na última quinta-feira e continua foragido.

A Interpol ¿ Organização Internacional de Polícia Criminal ¿ divulga listas de procurados em 186 países-membros. As relações de nomes são classificadas por cores. A lista vermelha reúne nomes, fotos e os crimes praticados pelos procurados. O ex-chefe de Polícia Civil do Rio é acusado de formação de quadrilha armada, lavagem de dinheiro, facilitação de contrabando e corrupção passiva.

A inclusão do nome de Lins na lista vermelha, no entanto, depende de determinação da Justiça. Enquanto isso não acontece, o escritório da Interpol no Rio, que funciona na superintendência da Polícia Federal, pode apenas colocar seu nome na lista azul. Com isso, autoridades internacionais poderão apenas informar se Lins entrou em um dos 186 países que recebem o documento.

Na prática, o ex-parlamentar não poderá ser preso, mesmo se identificado por policiais em algum aeroporto estrangeiro. Na última semana, a PF distribuiu alerta nos aeroportos brasileiros para tentar evitar a fuga de Lins. Logo após ter o mandato de deputado cassado pelos votos de 36 parlamentares da Assembléia Legislativa do Rio, o ex-chefe de Polícia teria cogitado pedir asilo político na Argentina.

A informação foi levantada por agentes federais envolvidos na Operação Segurança S/A, que levou Álvaro Lins à cadeia por 24 horas, no final de maio. Os advogados do ex-parlamentar negam a versão, dizem que Lins permanece internado com depressão e pretende se apresentar, mas não informam quando.

O advogado Ubiratan Guedes afirmou que ia impetrar ainda ontem um mandado de segurança no Tribunal de Justiça (TJ), com o objetivo de anular a cassação de Lins na Alerj. Até as 21h, no entanto, o TJ não havia recebido qualquer procedimento em defesa do ex-parlamentar. A PF continua realizando buscas para tentar prendê-lo.