Título: Um tom diferente
Autor: Damé, Luiza; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 21/08/2008, Economia, p. 24

Nos últimos meses, é possível notar uma mudança no discurso do governo Lula em relação à Petrobras. A empresa, que desde o primeiro mandato do presidente foi apontada como um dos motores do desenvolvimento do país, liderando a auto-suficiência em petróleo e a revitalização da indústria naval, vê-se em meio a tentativas de limitação de sua principal atividade - a exploração de blocos petrolíferos - justamente na área mais promissora, o pré-sal, com potencial de mais que duplicar as reservas nacionais. Entre as justificativas do Planalto: o temor de que a Petrobras se torne poderosa demais, "um país dentro do país", e a idéia de que os recursos obtidos com a exploração do petróleo sejam repartidos com a sociedade.

Essa mudança pôde ser observada a partir de novembro passado, quando foi anunciada a descoberta do megacampo de Tupi. Desde então, o governo avalia alterar o modelo de exploração dos blocos, que tiraria da Petrobras a propriedade sobre o petróleo encontrado. Também estuda criar uma nova estatal para gerir os ativos do pré-sal, relegando à Petrobras a condição de prestadora de serviço.