Título: Dívida federal cai 3% com maior esforço fiscal
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 21/08/2008, Economia, p. 26

Endividamento total foi de R$1,29 tri em julho. Economia permitiu ao Tesouro aguardar melhores momentos para emissões

Henrique Gomes Batista

BRASÍLIA. A dívida pública começa a colher os reflexos positivos do aumento do superávit primário (economia feita pelo governo para o pagamento dos juros), segundo o Tesouro Nacional. O órgão informou ontem que no mês passado o endividamento geral somava R$1,297 trilhão, valor 3,39% inferior ao registrado em junho, quando o total estava em R$1,343 trilhão. Isso ocorreu apesar da redução da participação dos títulos prefixados e do aumento dos papéis remunerados pela Taxa Selic (que são mais caros e menos previsíveis).

- Sem dúvida nenhuma o maior esforço fiscal do governo nos deu mais flexibilidade na administração da dívida - afirmou Guilherme Pedras, coordenador-geral da Dívida Pública do Tesouro Nacional.

Os débitos internos fecharam julho em R$1,204 trilhão. Este valor é 3,44% menor do que o registrado em junho (R$1,247 trilhão). Segundo o Tesouro, a dívida externa também caiu: fechou o mês passado em R$93,5 bilhões, valor 2,7% inferior ao registrado em junho.

Participação de títulos indexados à inflação cresceu

Para Pedras, o bom momento fiscal, que facilita a rolagem da dívida pública, tem permitido ao Tesouro aguardar os melhores momentos para emitir títulos. Ele afirmou que julho foi um período de turbulência e de aumento de custos no cenário internacional, o que auxiliou na redução da dívida total.

O Tesouro informou ainda que houve uma forte queda na parcela dos títulos públicos com remuneração prefixada, que passou de 34,77% da dívida interna em junho para 30,88% em julho, devido em grande parte ao resgate líquido de R$65,7 bilhões no mês passado.

Já os títulos indexados à Taxa Selic aumentaram a participação de 34,46% registrados em junho para 36,32% em julho. Os títulos atrelados à inflação também tiveram aumento de participação no total da dívida, de 27,9% em junho para 29,47% em julho.

Tesouro Direto bateu recorde de operações

Os dados divulgados ontem também trazem boas notícias em relação aos prazos do endividamento. O percentual dos títulos que vence nos próximos 12 meses caiu de 25,85% para 23,84% em julho. Além disso, o prazo médio dos papéis do Tesouro subiu de 41,28 meses em junho para 43,41 meses no mês passado.

O Tesouro Nacional informou ainda que o Tesouro Direto - programa que permite que pessoas físicas invistam diretamente em títulos públicos federais - registrou recorde de operações em julho, quando o governo vendeu um total de R$183 milhões. Este valor é 262,8% acima do registrado no mesmo mês de 2007. Com este resultado, o acumulado de vendas do Tesouro Direto no ano está em R$728,8 milhões.

O número de investidores cadastrados no Tesouro Direto cresceu, encerrando o mês com 126.845, aumento de 40,4%. Somente em julho, mais 4.454 participantes se cadastraram no programa, recorde no Tesouro Direto. Pedras esclareceu que as pessoas físicas demandaram todos os tipos de títulos da dívida pública.

- Estas pessoas não procuram o Tesouro de olho em uma valorização passageira, em geral eles compram títulos visando a aposentadoria - disse.