Título: CEB busca parceria
Autor: Mendes, Karla; Tahan, Lilian
Fonte: Correio Braziliense, 21/05/2009, Economia, p. 19

Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, discute com o colega do DF, José Roberto Arruda, a compra de ações da companhia brasiliense pela Cemig. Proposta de negociação será detalhada em 60 dias.

´´Para a Cemig, a proposta é interessante, mas para a CEB será ainda mais interessante, porque a nossa empresa pode incorporar recursos a curto prazo no DF´´ Aécio Neves, governador de Minas Gerais

´´Precisamos desse apoio, porque nos anos anteriores à minha gestão, não se fizeram os investimentos necessários, o que resultou em um serviço de má qualidade´´ José Roberto Arruda, governador do Distrito Federal O governador do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda (DEM), e o de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), estão negociando uma parceria entre a Companhia Energética de Brasília (CEB) e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para distribuição de energia. Analistas do mercado cogitaram que 50% da CEB seria vendida à Cemig por R$ 1 bilhão, mas os governadores não chegaram a esse detalhamento. Segundo a proposta feita por Aécio ¿ que esteve ontem na residência oficial de Águas Claras ¿, a Cemig compraria parte das ações da CEB e trabalharia em conjunto com a empresa do DF em um projeto de engenharia para expandir a rede de distribuição local. ¿Para a Cemig, a proposta é interessante, mas para a CEB essa parceria será ainda mais interessante, porque a nossa empresa pode incorporar recursos a curto prazo no DF¿, afirmou Aécio Neves.

Arruda demonstrou interesse na proposta, que deve ser detalhada nos dois próximos dois meses. Segundo o governador do DF, a venda de uma parte da CEB à Cemig ajudará a resolver o problema de distribuição de energia local, considerada ineficiente por Arruda. ¿Confesso que precisamos desse apoio, porque infelizmente nos anos anteriores à minha gestão não se fizeram os investimentos necessários, o que resultou em um serviço de má qualidade, com quedas constantes na rede¿, reconheceu. Ele ainda citou a diferença das perdas de energia entre a Cemig (de 8%) e a CEB (14%) destacando a eficiência mineira, que pode ajudar na recuperação da CEB.

Para Adriano Pires, professor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a negociação é justificável. ¿A Cemig é sócia da Light do Rio de Janeiro, tentou comprar a Cesp (Companhia Energética de São Paulo) quando ia a leilão, tentou comprar parte da Votorantim na CPFL, e comprou recentemente uma grande transportadora de energia elétrica¿, lembra. Pires se refere ao acordo que a Cemig fez para adquirir 65,86% da Terna Participações S.A. por R$ 2,3 bilhões. O fechamento do negócio deve ocorrer em 30 de setembro.

Escala ¿A Cemig está com a política de crescer e o poder dela é grande. Não cabe no mercado globalizado essa quantidade de empresas e empresas menores¿, ressalta. O professor analisa que, pelo fato de o mercado de energia elétrica ser regulado, as empresas têm margem de lucro baixa. Daí a necessidade de ganhar escala para aumentar a rentabilidade, pondera Pires. E em cenário de crise, a tendência de consolidação no mercado fica mais evidente. ¿Os exemplos estão aí: Sadia e Perdigão, Oi e Brasil Telecom¿ E a Cemig tem demonstrado muito apetite¿, observa. O especialista acrescenta que, como as concessionárias têm a obrigação de prestar serviços de qualidade, o ganho de escala pode se refletir em aumento de eficiência e até ser revertido em queda de tarifa.

Para a economista Jane Carvalhais, do Unicentro Newton Paiva, é natural que as empresas invistam em aquisições. ¿Como no Brasil o mercado de energia está nas mãos do Estado, a única chance de a empresa crescer é pela expansão econômica das localidades onde atuam ou avançar em outras regiões¿, afirma. Na visão de Jane, porém, a aproximação das duas empresas tem mais a ver com a capacidade de geração de energia no país e não implica necessariamente em redução de tarifas.

Apesar da disponibilidade política dos dois governantes,uma eventual venda das ações para a empresa mineira depende da análise da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A aproximação entre as duas companhias, se for confirmada, não será a primeira. CEB e Cemig trabalham juntas na usina de Queimados, em Unaí (MG).

AS DUAS EMPRESAS

CEB O Grupo Empresarial CEB tem como controladora a Companhia Energética de Brasília (CEB), cuja origem é a Companhia de Eletricidade de Brasília, oriunda do Departamento de Força e Luz da Novacap, criada em 16 de dezembro de 1968. Lucro líquido em 2008: R$ 66,9 milhões Receita líquida: R$ 953,6 milhões Ebtida (geração de caixa): R$ 112,1 milhões

CEMIG O Grupo Cemig é constituído por 49 empresas e 10 consórcios. Atua em Minas Gerais e outras 11 unidades da Federação. Está construindo uma linha de transmissão de energia elétrica no Chile. Em 2006, a empresa adquiriu 25% da Light, distribuidora de energia que atende a capital Rio de Janeiro e outros municípios fluminenses. Tem participação acionária na Transmissora Brasileira de Energia (TBE), que possui e opera linhas de transmissão nas regiões Norte e Sul do país. Lucro líquido em 2008: R$ 1,89 bilhões Receita líquida: R$ 10,89 bilhões Ebtida (geração de caixa): R$ 4,09 bilhões