Título: Para Garibaldi, cotas beiram o ridículo
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 26/08/2008, O País, p. 9

Presidente do Senado promete tirar sobrinho

Soraya Aggege

SÃO PAULO. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), afirmou ontem que a proposta de criação de cotas para contratação de parentes "beira o ridículo". Ele admitiu, no entanto, que ainda mantém um sobrinho como funcionário. Garibaldi prometeu demitir seu parente até a próxima semana para cumprir a decisão do Supremo de impedir o nepotismo nos três poderes.

- Não concordo. Para mim, não deve ser nem mencionado, beira o ridículo - afirmou Garibaldi sobre a proposta de criação de cotas para contratação de parentes que tem circulado no Congresso.

O senador, que participava de um almoço seguido de debate promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), foi aplaudido ao discursar contra a proposta:

- Essa história de cotas é muito engraçada. (O parlamentar) poderá ter (empregar) três primos, dois tios, quer dizer, não tem cabimento.

O presidente do Senado também fez críticas ao excesso de medidas provisórias e à omissão do Congresso. Também afirmou que o Judiciário está legislando o país:

- O Legislativo vive uma situação tensa, que merece providências. O Judiciário, aqui e acolá, diante da omissão do Legislativo, está realmente legislando, é a questão do vácuo. Em política não pode haver vácuo.

Ele comparou as MPs aos decretos-leis criados pelos militares durante a ditadura:

- Nunca vi nada mais esdrúxulo que um instrumento autoritário como os decretos-leis poder ser comparado a algo desenvolvido na democracia. Os decretos-leis eram até mais modestos, pois diziam que só podiam ser aplicados em quatro casos, enquanto as MPs ocorrem em qualquer situação.