Título: Jobim pede verbas do pré-sal para Marinha
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 26/08/2008, O País, p. 12
Com royalties, ministro da Defesa quer comprar até submarino nuclear
Bernardo Mello Franco
BRASÍLIA. A riqueza do pré-sal despertou a cobiça dos militares. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, avisou ontem que as Forças Armadas também estão de olho no lucro das reservas de petróleo recém-descobertas pela Petrobras. Animado, Jobim deixou claro que espera um aumento substantivo no valor dos royalties pagos à Marinha, embora o tamanho e o potencial de exploração dos novos campos ainda não tenham sido dimensionados.
- Agora, os royalties vão se tornar altamente interessantes. Vai aumentar o valor absoluto, sobretudo - afirmou o ministro, após participar de cerimônia pelo Dia do Soldado.
Entre os planos para gastar os recursos extras, Jobim listou a compra do submarino nuclear sonhado pela Marinha, a instalação de mais pelotões de fronteira em terras indígenas, a ampliação do serviço militar obrigatório e a realização de mais operações de simulação de guerra. O ministro defendeu o gasto de R$10 milhões feito este mês na Operação Poraquê, treinamento destinado a simular uma invasão da Amazônia.
- Isso é investimento na tranqüilidade. Só quem pensa pequeno é que faz esse tipo de conta - afirmou.
O ministro espera que, em dois anos, os gastos militares do país saltem de 1,5% para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Além de cobrar a liberação de royalties bloqueados pela equipe econômica, Jobim prometeu pressionar o governo para que a empresa escolhida para explorar o petróleo do pré-sal - seja a Petrobras ou a nova estatal cuja criação é estudada pelo governo - pague uma taxa extra por serviços prestados pela Marinha na proteção das novas reservas. Jobim disse que a Marinha presta serviços relevantes e merece ser remunerada:
- Cobrar uma recompensa não é uma questão de ser mercenário. É uma questão de participar dos investimentos.
A Marinha tem direito a 1% do valor do petróleo explorado na costa brasileira. Mas a maior parte dos royalties tem sido contingenciada pela equipe econômica para garantir o superávit primário. Segundo o ministro, que prometeu pressionar pela liberação dos recursos, o dinheiro bloqueado já chegaria a R$3 bilhões. Até o dia 11 passado, o governo liquidou apenas 25% dos R$990 milhões de royalties para a Marinha autorizados no Orçamento deste ano, segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira da União (Siafi).
Jobim afirmou que a instalação de pelotões de fronteira nas reservas indígenas é um dos principais itens do Plano Estratégico de Defesa, cujas diretrizes básicas ele prometeu entregar ao presidente Lula até o fim da semana.