Título: PIB será menor que o estimado
Autor: Simão, Edna
Fonte: Correio Braziliense, 21/05/2009, Economia, p. 21

Governo reduz previsão de crescimento do Produto Interno Bruto de 2% para 1%. Mesmo com diminuição na arrecadação, Planejamento libera R$ 9 bilhões em gastos sendo R$ 6 bilhões para projetos da habitação

Paulo Bernardo: Ministério do Planejamento permite aumento de gastos antes suspensos A equipe econômica reduziu de 2% para 1% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para este ano devido à queda de arrecadação provocada pela crise mundial. Pelas contas do Ministério do Planejamento, a frustração de receita foi de R$ 11,740 bilhões entre o primeiro e o segundo bimestre. Com isso, a previsão de arrecadação para o ano recuou de R$ 576,01 bilhões para R$ 564,27 bilhões. Parte dessa baixa foi compensada com a redução do superávit primário de 3,8% para 2,5% em abril.

Esse recuo no superávit deu uma folga de cerca de R$ 40 bilhões aos cofres públicos e ainda permitiu o aumento dos gastos. O governo federal autorizou despesas de R$ 9,147 bilhões, sendo que R$ 6 bilhões para o programa Minha Casa, Minha Vida ¿ que pretende construir um milhão de moradias até 2011. O restante ¿ R$ 3,147 bilhões ¿ poderá ser gasto livremente pelos órgãos públicos. Divulgadas ontem pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, essas informações fazem parte de diagnóstico bimestral do comportamento das receitas e despesas públicas.

Na avaliação de analistas, pelo menos agora, a projeção do governo para o crescimento econômico é um pouco mais realista, pois se aproxima do dado do Banco Central (1,2%). Mas ainda está bem distante da aposta do mercado, que prevê recuo de 0,49% do PIB neste ano ¿ segundo o Boletim Focus. A previsão de expansão de 1% do PIB considera o cumprimento da meta de superávit primário (economia feita pelo governo para pagamento de juros da dívida pública) de 2,5%, IPCA de 4,3% e taxa de câmbio média de R$ 2,23 para 2009. Há dois meses, estimavam 4,5% de inflação e câmbio de R$ 2,31.

Para o economista Felipe Salto, da consultoria Tendências, considerando que o PIB brasileiro pode até recuar neste ano, o mais indicado seria conter os gastos públicos. Mas, se é prioridade do governo destinar recursos para o programa Minha Casa, Minha Vida, deveria cortar despesas em outras áreas e não simplesmente expandi-las. A estimativa da Tendências é de PIB de 0,3%, com tendência de baixa. ¿Considerando expansão do PIB de 1%, o governo consegue fechar as contas. O problema é que essa estimativa é muito otimista¿, afirmou Salto. O estrategista-chefe do banco WestLB, Roberto Padovani, reforça essa visão: ¿O governo não quis assumir o custo político de que a economia caminha para uma recessão¿, frisou.

Previdência Nesse cenário de queda de receita, o relatório do Planejamento mostra ainda que o déficit da Previdência deverá ser maior. Ele saltou de R$ 40 bilhões para R$ 42 bilhões do primeiro para o segundo bimestre. A transferência de recursos para estados e municípios teve uma baixa de R$ 2,4 bilhões. Com isso, a estimativa para o ano recuou de R$ 127,255 bilhões para R$ 124,850 bilhões. Já as despesas obrigatórias, excluindo a Previdência Social, tiveram uma expansão de R$ 3,1 bilhões ¿ de R$ 48,601 bilhões para R$ 51,726 bilhões.