Título: Estatização ganha força
Autor: Vaz, Viviane
Fonte: Correio Braziliense, 21/05/2009, Mundo, p. 31

Presidente confirma a nacionalização de mais 35 empresas petrolíferas e enfrenta protesto estudantil

A Venezuela vive mais dias de turbulência política e econômica. Milhares de professores e estudantes participaram ontem de manifestação em Caracas em defesa de um ¿orçamento que atenda às necessidades da universidade venezuelana¿. Neste ano, depois da queda dos preços do petróleo, o governo de Hugo Chávez reduziu em 6% os recursos destinados ao setor educacional. Enquanto os opositores saíam às ruas, o presidente confirmava a nacionalização de mais 35 empresas do setor petrolífero. A estatização foi anunciada no Diário Oficial da Venezuela.

Na semana passada, outras 39 companhias haviam sido nacionalizadas na região de Maracaibo, além de duas unidades da companhia americana Williams no estado de Monagas. Segundo a publicação oficial, a lista de empresas que passam ao controle do governo deve ser ampliada, já que o Ministério de Energia ¿se reserva o direito de encampar outros bens, serviços e empresas do setor¿.

No início de maio, a Assembleia Nacional da Venezuela aprovou uma lei que concedeu ao Estado o controle das atividades ligadas ao petróleo. Do total das empresas expropriadas até o momento, a maioria se dedicava ao transporte de pessoal e material, à manutenção e ao reboque de barcaças, entre outros serviços. Viram-se diretamente afetados grupos estrangeiros como o consórcio Simco, com a participação do norte-americano Wood Group, dedicado à prestação de serviços de manutenção de poços. A companhia americana Williams, que operava unidades de injeção de gás para a produção de petróleo, também sofreu intervenção.

Educação Sob os olhares de 1.200 policiais, os estudantes contrários aos cortes no orçamento concentraram-se na Universidade Central da Venezuela (UCV), a maior do país, e seguiram em passeata até a sede do Departamento de Educação Superior, onde delegados estudantis e professores foram recebidos pelo ministro da Educação, Luis Acuña. Representantes de partidos políticos de oposição, como o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, além de profissionais liberais, como médicos e jornalistas, se juntaram ao protesto.

Em 28 e 29 de maio, mais manifestações podem ocorrer. Para contra-atacar, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), oficialista, ameaça expulsar do país o escritor peruano Mario Vargas Llosa caso ele tente desprestigiar o governo atual. Vargas Llosa foi convidado por intelectuais do Centro de Divulgação do Conhecimento Econômico pela Liberdade (Cedice) para falar sobre democracia e liberdade. Mas, para a diretora de Comunicação do PSUV, Vanesa Davies, a ocasião servirá para insultar Chávez. ¿Sabemos com que intenção vem Vargas Llosa e todo esse grupo de defensores da propriedade privada e do neoliberalismo, da direita¿, disse.