Título: Gabeira muda de tom sobre a maconha
Autor: Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 27/08/2008, O País, p. 10

"Neste momento, eu não seria a favor da legalização", disse

Alessandra Duarte

Uma das marcas da vida política do candidato Fernando Gabeira (PV), a legalização da maconha não é mais a sua bandeira. Ontem, ao ser sabatinado na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Gabeira disse que, atualmente, não defenderia a legalização.

- O foco agora não é legalização. Neste momento, eu não seria a favor da legalização. Foi uma discussão um pouco inútil, perdi energia - disse Gabeira na sabatina, organizada pelo jornal "Estado de São Paulo". - A colocação do debate entre legalizar ou não coloca os dois lados numa posição insatisfatória. Sem uma polícia moderna, eficaz e honesta, você não consegue nem reprimir nem legalizar. A nova discussão que proponho é reformar a polícia.

O candidato do PV reconheceu que até hoje sofre preconceito de eleitores por conta de já ter defendido temas polêmicos, como legalização da maconha.

- A gente tem que trabalhar naquilo em que se pode marchar junto: na reforma da polícia e no aumento da informação - destacou Gabeira, que na sabatina chegou a criticar o PSDB, partido que lhe deu o bom tempo na TV de que dispõe. - Ele tem um desempenho (como oposição) que não considero dos melhores. Os que estiveram no governo não conhecem o mecanismo de oposição. Ficou realmente uma lacuna na oposição no Brasil hoje.

Gabeira teve uma rejeição de 20% na última pesquisa Ibope - o segundo maior nível de rejeição, atrás apenas de Marcelo Crivella (PRB), com 29%.

- Nossos políticos, conforme as pesquisas, passam a afinar seu discurso pelo que o eleitor médio quer, o que vai pasteurizando as eleições. Esse recuo faz muito mal à democracia - disse o professor de História contemporânea da Universidade Federal Fluminense Daniel Aarão Reis. - O Gabeira deveria assumir com mais agressividade sua posição. Podia se arriscar mais, como se arriscou quando jovem. Se perder, fica com suas convicções. O pior é vencer sem elas.