Título: Senadores dizem que vão demitir os parentes
Autor: Vasconcelos, Adriana ; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 22/08/2008, O País, p. 13

Presidente da Casa afirma que não esperava "a amplitude" da decisão do STF, mas sustenta que vai cumprir

Adriana Vasconcelos, Maria Lima e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. Um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir a prática do nepotismo, pelo menos nove senadores admitiram empregar parentes em seus gabinetes, sendo que oito prometeram demiti-los. O primeiro foi o próprio presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que vai exonerar o sobrinho Carlos Eduardo Alves Emerenciano, responsável por sua agenda pessoal.

O sobrinho de Garibaldi começou a trabalhar no Senado em 2003, lotado no gabinete do de José Maranhão (PMDB-PB). Em retribuição, Garibaldi contratou a sobrinha de Maranhão, num nepotismo cruzado. Em 2007, porém, Emerenciano foi transferido para o gabinete do tio como assessor parlamentar. Hoje, recebe R$ 8.154,16.

- Na verdade, não esperava que a decisão tivesse a amplitude que teve. Agora, é cumprir - disse Garibaldi.

O primeiro secretário da Mesa, Efraim Moraes (DEM-PB), que recentemente havia demitido a filha Caroline, ainda mantém seis sobrinhos empregados no gabinete, e também promete cumprir a decisão:

- Decisão do Supremo não se discute, cumpre-se.

Já o terceiro secretário, César Borges (PTB-BA), admitiu que emprega a prima Diva Mascarenhas Borges. O presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), tem o filho, Leomar Júnior, lotado em seu gabinete. O líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), empregou seu cunhado Pedro Rocha, mas antecipou que poderá exonerá-lo caso ele se encaixe nas regras do STF.

O senador Almeida Lima (PMDB-SE), candidato à prefeitura de Aracaju, mantém dois sobrinhos e uma prima em seu gabinete. Já o senador Augusto Botelho (PT-RR) emprega o irmão como assessor parlamentar e Adelmir Santana (DEM-DF), a filha. Heráclito Fortes (DEM-PI) aparece na lista dos empregadores de parentes, mas, para ele, a contratação de sua sobrinha-neta não se enquadra nas restrições do STF.

Parentes de diretores do Senado devem ser demitidos

O senador Mão Santa (PMDB-PI) só não terá de se enquadrar à decisão da Corte porque sua mulher e suplente, Adalgisa, foi exonerada em abril, para disputar as eleições. A decisão do STF também deverá deixar desempregados parentes de diretores do Senado, entre eles a secretária-geral da Mesa, Cláudia Lyra, que ingressou na Casa sem concurso e hoje tem as duas filhas empregadas, Marina e Carla. Ela nega o nepotismo.

- Nepotismo, até onde eu saiba é quando a pessoa indica parentes. Eu não indiquei nenhuma das duas - disse.

Na Câmara, o deputado Vilson Covati (PP-RS) disse que não sabe como suprir a falta que farão seus dois cunhados, Sandro e Júlio Franciscato:

- Sandro é meu braço direito. Júlio, o esquerdo.

O deputado Sandro Matos (PR-RJ) assinou ontem a exoneração do irmão Gilvandro Matos. Mas continuará com ele na equipe, por conta própria. Estão na lista dos parlamentares que empregam parentes Wellington Roberto (PR-PB), mulher e filho; Zonta (PP-SC), mulher e filho; Vicente Arruda (PSDB-CE), dois filhos; Luis Carlos Santin (PFL-PR), a mulher; Júlio Cesar (DEM-PI), dois filhos e a mulher; e Arnon Bezerra (PTB-CE), irmão e filho.