Título: Tortura é assunto a ser esquecido, diz Sarney
Autor: Carvalho, Ana Paula de
Fonte: O Globo, 27/08/2008, O País, p. 12
Adauri Antunes Barbosa
SÃO PAULO. Primeiro presidente da República depois da ditadura militar, o senador José Sarney (PMDB-AP) afirmou ontem que a punição aos torturadores da época é um assunto que deve ser esquecido. Para Sarney, a anistia representa esse processo de esquecimento.
- Não há razão para que devemos renascer com o assunto. Evidente que isso não cura quem foi torturado. Mas o processo político da anistia fez parte da transição - disse Sarney, que participou ontem de sabatina promovida pelo jornal "Folha de S.Paulo".
Segundo disse, a Lei da Anistia foi negociada e surgiu após consenso, por isso foi bastante abrangente, não deixando margem para revisões:
- Fizemos uma anistia consensuada. Foi negociada. Não foi uma concessão.
Antes do fim da ditadura, quando era governador do Maranhão, Sarney garantiu que não tinha conhecimento das torturas praticadas pelos militares.
- Não tinha conhecimento nenhum, era governador do Maranhão. O que posso dizer é que quando cheguei ao Congresso é que formamos um grupo para lutar para que o processo se abrisse - disse.
Na sabatina, Sarney disse não guardar rancor do governador José Serra (PSDB-SP) pelo episódio que detonou, em 2002, o projeto político de sua filha, Roseana Sarney. Ela estava em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para presidente quando a Polícia Federal descobriu R$1,3 milhão em espécie no cofre da empresa Lunus, de seu marido, Jorge Murad. Serra era candidato a presidente pelo PSDB.
- Esse é um fato do passado. E Serra é um homem público que tem qualidades.