Título: Economistas a Lula: PIB ficará na casa dos 5%
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 27/08/2008, Economia, p. 32

Conselho informal avalia que país conseguiu conter impacto inflacionário e manterá ritmo de crescimento em 2009

Gustavo Paul

BRASÍLIA. A economia brasileira vai manter o atual ritmo em 2009, crescendo entre 4,5% e 5%, mesmo com o desaquecimento verificado no resto do mundo. A avaliação foi feita ontem pelo conselho econômico informal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu pela manhã no Palácio do Planalto. Esta é a mesma previsão da equipe econômica. O percentual oficial será conhecido hoje, durante a apresentação dos números do Orçamento do próximo ano.

A avaliação dentro do governo é que o ciclo de aumento de juros nos últimos meses - e que vai se prolongar ainda por um tempo - não foi suficiente para desanimar os consumidores brasileiros. Por isso, o crescimento este ano ficará pouco acima de 5% e ele servirá para contaminar positivamente a atividade econômica ao longo do ano que vem, ainda que em um ritmo ligeiramente menor.

De acordo com um ministro ouvido pelo GLOBO, a avaliação é que a inflação dos últimos meses está associada principalmente a fatores externos e a movimentos especulativos em torno das commodities.

Com base nos relatos feitos pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, recém-chegado de uma viagem ao exterior, e do representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista, os conselheiros fizeram um diagnóstico da situação internacional e concluíram que a economia brasileira está superando os momentos difíceis dos últimos meses.

Segundo o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), a expectativa é que o país continuará crescendo:

- Haverá uma ligeira desaceleração, mas cresceremos acima de 4,5%.

Brasil estaria descolado do cenário internacional

Além de Meirelles, Nogueira Batista e Mercadante, participaram do encontro o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o ex-deputado Antonio Delfim Netto e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Segundo Mercadante, o diagnóstico da situação econômica foi muito positivo:

- Conseguimos conter o impacto inflacionário, o choque internacional das commodities está arrefecendo e a economia brasileira mantém o ritmo de crescimento.

A avaliação geral é que a inflação está em queda - e que esta veio para ficar. Os preços das commodities internacionais começaram a perder fôlego e as remarcações internas cederam, mesmo com a manutenção do crescimento. Quanto à crise externa, os relatos mostram que ela ainda não acabou e que ainda há uma tendência forte de desaceleração da economia internacional.

- A turbulência internacional ainda não se encerrou e teremos de aguardar sua evolução, que dependerá do desempenho do setor financeiro - alerta o senador.

O Brasil está descolado deste cenário e, segundo Mercadante, a preocupação é calibrar o crescimento do país de forma sustentável. Mas isso não significa o fim do ciclo do aperto monetário. O Banco Central, lembrou o senador, ainda está focando o centro da meta de inflação em 2009, que é de 4,5%.